
Caracterizar o perfil epidemiológico de internações por Doença hemolítica do feto e do recém-nascido na região Norte do Brasil, entre 2013 e 2022.
Material e métodosEstudo descritivo, transversal, de abordagem quantitativa, realizado a partir de dados coletados no Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foram incluídas internações por diagnóstico de Doença Hemolítica do Feto e do Recém-nascido (CID 10 - P55) na região Norte do Brasil no período de 2013 a 2022. Os dados foram tabulados e analisados no software Microsoft Excel 2016 considerando as variáveis sexo, raça/cor e óbitos.
ResultadosDurante o período analisado foram internadas 1775 crianças, dentre as quais destaca-se um percentual de 52,1% para as crianças de cor parda, seguido por um quantitativo de 43,7% dos registros com os dados onde tal variável foi ignorada. Ao todo, foram registrados 8 óbitos. A distribuição entre os gêneros foi equilibrada, com valores de 47,8% dos pacientes sendo do sexo masculino e 52,2% do sexo feminino.
DiscussãoA partir dos dados obtidos, torna-se claro a predominância de pacientes pardos em relação às outras etnias. No entanto, deve-se destacar que a maioria dos casos não foi registrada completamente, deixando de fora a variável cor. Em relação ao sexo, o feminino apresenta-se como maioria. A doença hemolítica do recém-nascido caracteriza-se pela significativa diminuição de glóbulos vermelhos, os quais são degradados pelos anticorpos da mãe, devido à incompatibilidade do fator Rh, levando à anemia do recém-nascido. O referido acometimento constitui-se como uma grave ameaça a vida ao recém-nascido à medida que ocasiona, além da anemia, o quadro de esplenomegalia, hepatomegalia e, quando não tratado, pode levar à falência orgânica. Deste modo, é imprescindível a identificação, prevenção e tratamento precoce desta condição.
ConclusãoO estudo mostrou uma das principais características a serem destacadas que é a distribuição por cor/etnia. O quantitativo dos registros com a variável de cor/etnia ignorada levanta preocupações sobre a qualidade dos registros e a necessidade de aprimoramento dos sistemas de coleta de dados. É fundamental garantir que essas informações sejam adequadamente registradas, a fim de possibilitar análises mais precisas e políticas de saúde mais direcionadas. A divisão equilibrada entre os gêneros pode não ser um fator determinante no contexto geral das internações, mas é útil para entender a distribuição demográfica das crianças internadas e pode ser relevante para questões específicas relacionadas a cada gênero para a doença hemolítica do feto e recém-nascido na região norte, enfatizando a importância de medidas preventivas e de controle e pode servir como norteador no planejamento de ações estratégicas de detecção do fator Rh materno negativo pela rede pública de saúde, reduzindo o número de pacientes afetados com a doença. Ressalta-se a subnotificação relevante de dados, que dificulta o ideal reconhecimento da situação da doença nessa população acometida e evidenciando a necessidade de mais estudos que abordam a condição racial em meio a essa temática. Faz-se necessária a contínua atualização aos fatores de risco da doença hemolítica, permitindo aprimoramento no manejo clínico e maior agilidade e organização do atendimento, reduzindo o número de casos e a demanda por serviços de saúde de maior complexidade.