Objetivos: A Bioengenharia é uma área em crescente ascensão. Uma das suas aplicações nos últimos anos é o desenvolvimento de Transportadores de Oxigênio Baseados na Hemoglobina (HBOCs, do inglês) como uma alternativa à falta de sangue nos hospitais, garantindo também uma maior capacidade de armazenamento a longo prazo, além de ser uma opção viável diante de casos de aloimunização e limitações religiosas. Assim, o presente trabalho objetiva verificar na literatura a utilização de HBOCs na medicina transfusional, suas potenciais vantagens e limitações. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura realizada nas bases de dados PubMed, Web of Science e Scielo, utilizando os seguintes descritores em inglês: Hemoglobin Therapeutics, Blood Substitutes e Biological Therapy, combinados e isolados. Também foi realizada uma análise dos ensaios de segurança atuais disponíveis no site da Food and Drug Administration (FDA), órgão federal regulador do departamento de saúde nos Estados Unidos. Foram incluídos artigos em inglês publicados entre o recorte temporal de 2018 a 2020, referentes ao tema em questão. Resultados: A busca de dados resultou em 31 artigos nas três bases utilizadas (PubMed=19, Web of Science=7 e Scielo=5), após remoção de duplicatas e aplicação dos critérios de exclusão, foram incluídos 14 estudos, que demonstram a utilização de HBOCs como uma boa alternativa no cenário destacado, porém com potenciais riscos que necessitam de mais estudos para melhor compreensão e confiabilidade. Discussão: A crescente necessidade da utilização de sangue em todo o mundo, aliada com a diminuição simultânea das doações, leva cronicamente a déficits nos bancos de sangue. Um dos estudos avaliando a HBOC-201 (um polímero de hemoglobina bovina de segunda geração) apontou que ela pode manter a capacidade de transporte de oxigênio enquanto os produtos de transfusão não estão disponíveis. Ademais, foi relatado o primeiro uso com HBOC-201 em uma Testemunha de Jeová, o que mostra sua viabilidade diante de limitações terapêuticas de origem religiosa. Além disso, os HBOCs não requerem testes de compatibilidade, não apresentam risco de infecções transmitidas pelo sangue, têm vida útil prolongada e não requerem refrigeração. Projeta-se que o sangue artificial tenha um impacto significativo no desenvolvimento da assistência médica no futuro. No entanto, alguns resultados mostraram certo nível de toxicidade em estudos com animais, que foi diminuída com a utilização de haptoglobina, uma molécula já encontrada no sangue que tem a capacidade de se ligar à Hb. Vale salientar que os HBOCs são moléculas livres (sem vinculação às hemácias) que podem interferir na pressão coloidosmótica, escapar dos vasos sanguíneos e danificar os rins e outros órgãos, necessitando de precauções e acompanhamento. Embora alguns testes tenham progredido para a fase tardia, a FDA não aprovou nenhum HBOCs para uso nos Estados Unidos, e as agências reguladoras da maioria dos outros países também não aprovaram. Conclusão: A utilização de HBOCs constitui uma promissora alternativa a escassez de doações de sangue. Entretanto, os HBOCs apresentam problemas relacionados à toxicidade, o que dificulta ainda sua utilização. Assim, faz-se necessário a realização de mais estudos para melhor compreensão a respeito dessa temática, garantindo sua eficácia e segurança.
O fator de impacto mede o número médio de citações recebidas em um ano por trabalhos publicados na revista durante os dois anos anteriores.
© Clarivate Analytics, Journal Citation Reports 2022
O CiteScore mede as citações médias recebidas por documento publicado. Mais informação
Ver maisCiteScore Percentile indica a posição relativa de um título de série em seu campo de assunto.
Ver maisSJR é uma métrica de prestígio baseada na idéia de que todas as citações não são iguais. SJR utiliza um algoritmo similar ao page rank do Google; é uma medida quantitativa e qualitativa ao impacto de uma publicação.
Ver mais