
Este estudo teve por objetivo analisar a frequência de anticorpos irregulares de pacientes atendidos no banco de sangue Hemolabor, Goiânia-Goiás, entre junho de 2021 a junho de 2022. Além disso, foram analisados dados como: sexo, idade e doença de base.
Material e métodosForam levantadas fichas no arquivo do Hemolabor dos pacientes que receberam transfusões e/ou fizeram reserva de hemocomponentes no período de junho/2021 a junho/2022 e que apresentaram anticorpos irregulares entre todos os indivíduos transfundidos. Em um banco de dados foram registradas informações como sexo, idade, doença de base e a especificidade do anticorpo identificado. Os dados foram analisados segundo análise estatística descritiva, através de frequências absolutas e relativas e os resultados foram tabulados.
ResultadosNo período de junho de 2021 a junho de 2022 foram realizadas 18.730 transfusões em 10.055 pacientes atendidos em diversos hospitais de Goiânia-GO. Foram encontrados anticorpos irregulares em 203 indivíduos (2,02%), e os anticorpos de maior frequência foram do sistema Rh (46%) e Kell (10,2%). A maioria dos pacientes com anticorpos irregulares eram do sexo feminino (67%) e tinham mais de 60 anos (53,7%) ou entre 36 e 59 anos (35,5%). Entre os 203 pacientes com anticorpos irregulares apenas 110 apresentavam o dado de doença de base, sendo que as principais foram: anemias agudas (35%), doenças oncológicas ou onco-hematológicas (32%), doença renal crônica (19%) e anemias crônicas (14%).
DiscussãoA prevalência dos anticorpos do sistema Rh e Kell encontrada em nosso estudo é semelhante a vários trabalhos encontrados na literatura. Isso provavelmente é devido à elevada imunogenicidade dos antígenos eritrocitários desses sistemas. O fato de a maioria dos pacientes com anticorpos irregulares ser do sexo feminino pode ser justificada, em parte, pela aloimunização provocada por gestações. A alta frequência de indivíduos aloimunizados e com o diagnóstico de “anemia aguda”reflete a falta de especificação do real diagnóstico por conta dos médicos prescritores. Trata- se de um viés relevante do presente estudo, pois o diagnóstico acurado do receptor do hemocomponente é fundamental para interpretação correta dos achados na bancada de imuno-hematologia..
ConclusãoA prevalência de aloanticorpos encontrada em nosso serviço é semelhante à de outros estudos publicados previamente. Ações para conscientizar os prescritores a melhor detalhar a indicação da transfusão podem gerar mais dados e permitir análises mais amplas no futuro.