
Anemia hemolítica induzida por drogas é uma causa rara de anemia associada a um amplo espectro de medicamentos, dos quais se destacam antimicrobianos. Neste relato descrevemos um caso de anemia hemolítica associada ao uso de Alectinib - inibidor de quinase de linfoma anaplásico (ALK) de segunda geração.
Materiais e métodostrata-se de um relato de caso acerca de rara etiologia de anemia hemolítica. Para este fim, os termos contidos na Declaração de Helsinque foram respeitados.
ResultadosK.A.S.C, sexo feminino, 30 anos de idade, portadora de adenocarcinoma de pulmão com metástase cerebral e de Doença de Graves. Faz uso de Alectinib (600 mg 12/12horas) há 2 anos e 3 meses e Tapazol 5 mg/dia. Encaminhada ao hematologista devido anemia com aumento dos níveis séricos de desidrogenase lática. Ao exame físico: regular estado geral, corada, afebril, sem visceromegalias, traube livre. Exames laboratoriais (03/07/2023): Hb: 10,5; VCM 89; RDW: 14%; Leucócitos: 6.930; Plaquetas: 296.000; Haptoglobina 136 (36-195); Reticulócitos: 3,5%; Ferritina: 101; ácido fólico > 24; saturação de transferrina: 18% (15-50%); Ferro sérico: 77; Teste da antiglobulina direto: negativo; DHL: 389 (135 – 214); Bilirrubinas totais: 0,74, Bilirrubina indireta: 0,54; Creatinina 0,8; Esfregaço de sangue periférico: observados acantócitos e esferócitos. Considerando importância do inibidor de ALK no presente contexto, definido por conduta expectante no momento.
DiscussãoAlectinib, inibidor de ALK de segunda geração, induz hemólise com alterações morfológicas em eritrócitos, como acantócitos e esferócitos, em todos os casos com exposição prolongada à droga. Até a presente data, não há descrição do mecanismo exato de hemólise induzida pelo alectinib. A presença de anormalidades morfológicas nas hemácias sugere envolvimento do citoesqueleto como potencial mecanismo deflagrador da hemólise. Na maioria dos eventos a hemólise é subclínica, ocorrendo nos primeiros 90 dias de uso do inibidor de ALK. Existem raros casos desta associação relatados na literatura.
ConclusãoHá um subdiagnóstico desta alteração devido à falta de conhecimento por parte dos médicos sobre tal efeito adverso. Portanto, monitorização hematológica deve ser realizada de rotina em pacientes que estejam em uso de Alectinib.