
A anemia hemolítica autoimune (AHAI) é uma doença adquirida com produção de autoanticorpos que se ligam à superfície dos eritrócitos causando hemólise intra ou extravascular.
ObjetivosRelatar um caso de Anemia Hemolítica Autoimune (AHAI), trazendo para a discussão o diagnóstico, terapêutica, evolução e relevância.
Metodologia e desenvolvimentoAnálise de prontuário médico hospitalar. Apresentação do caso: Paciente S.E.P., masculino, 40 anos, trabalhador rural, iniciou quadro de dispneia a mínimos esforços, astenia progressiva e icterícia durando cerca de 10 dias. Procurou cardiologista em atendimento ambulatorial, realizou hemograma evidenciando anemia microcítica e normocromica acentuada HB 5,6 sendo encaminhado a serviço de urgência. Paciente nega sintomas antecedendo quadro, negava sangramentos, negava melena, negava diagnostico prévio de anemia, fazia uso diário de dipirona devido lombalgia crônica cerca de 4 g/dia há 3 anos, e losartan 50 mg/dia devido hipertensão arterial sistêmica há mais de 5 anos. Admitido mal perfundido, hipotenso, taquicárdico, taquidispneico, com HB em queda progressiva, COOMBS direto positivo, LDH elevado, reticulocitos normais e sorologias para hepatites virais negativas. Iniciado corticoterapia com prednisona 100 mg/dia por 5 dias, ácido fólico e vitamina C, sem resposta, HB em 2,8. Iniciada imunoglobulina 0,4 g/dia e pulsoterapia com metilprednisolona 1 g/dia. Aos testes imunohematológicos, tipagem ABO/Rh: A negativo, D fraco negativo; Teste de Antiglobulina Direto (TAD) positivo em soro mono e poliespecífico (IgG e IgG+C3d); Teste de autoanticorpos positivo em fase salina e AGH; Pesquisa de anticorpos irregulares e Provas cruzadas positivas, indicando incompatibilidade. Foi realizada a infusão de uma unidade de Concentrado de hemácias (A RhD negativo) como medida de extrema urgência pela gravidade da anemia e do quadro clínico do paciente. Paciente pós transferência ao serviço de referência necessitou de mais transfusões mesmo com as provas incompatíveis e foram identificados autoanticorpos da classe IgG e IgM. Paciente recebeu alta médica e encaminhamento para acompanhamento ambulatorial.
Discussão e conclusãoA AHAI ocorre pela destruição imunomediada precoce das hemácias, via fixação de imunoglobulinas e/ou complemento na superfície de sua membrana. As causas dessa doença podem ser primária/idiopática ou secundária a doenças ou uso de medicações, podendo ocorrer pela presença de autoanticorpos quentes, frios ou, raramente, por ambos. O tratamento precoce com imunossupressão deve ser empregado quando os pacientes apresentarem crise hemolítica e anemia. A grande complexidade de classificar a AHAI está envolvida com sua reatividade diante de testes laboratoriais ofertados hoje, apesar de surgirem novos meios, os exames imunohematológicos dão suporte ao quadro suspeito, porém, ainda existe a necessidade de testes mais baratos com maior sensibilidade para o tipo de reação, tendo em vista que a metodologia em gel seria a mais segura a ser aplicada, todavia é a de mais alto custo.