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Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S953 (Outubro 2023)
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ANÁLISE VIDA REAL DE PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA RECIDIVADA OU REFRATÁRIA COM REGIME DE SALVAMENTO BASEADO EM FLUDARABINA
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L Hellingera, NS Karhawia, BL Oliveiraa, AG Correiab, BA Ulianaa, HSS Schmidta, IL Silvaa, AC Dalloglioa, IS Boettchera, MP Lacerdaa,b
a Hospital Municipal São José (HMSJ), Joinville, SC, Brasil
b Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), Joinville, SC, Brasil
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Introdução

Apesar dos avanços na caracterização citogenético-molecular e no desenvolvimento de terapias-alvo, o tratamento de pacientes com leucemia mieloide aguda refratários ou com recidiva (LMA-RR) após terapia intensiva segue desafiador. Enquanto regimes de salvamento baseados em análogo de purina, como FLAG-Ida (fludarabina, citarabina, filgrastim e idarrubicina), estão validados desde a década de 1990, o risco de refratariedade e a incidência de toxicidades associadas restringem sua eficácia. Adicionalmente, dados de vida real neste contexto são limitados, sobretudo a partir de serviços públicos de países em desenvolvimento.

Objetivo

Determinar a sobrevida global (SG) de pacientes com LMA com diagnóstico de refratariedade ou primeira recidiva entre 2019 e 2023 no Hospital Municipal São José de Joinville.

Métodos

Análise retrospectiva, com inclusão de pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, com confirmação de LMA-RR por citometria de fluxo de medula óssea ou sangue periférico, excluindo pacientes com leucemia promielocítica aguda, e aqueles não-submetidos a regime de salvamento baseado em análogo de purina.

Resultados

Foram incluídos 29 pacientes consecutivos, com mediana de idade de 46 anos (intervalo: 22-77), com 16 mulheres (55%). Onze pacientes foram refratários à quimioterapia intensiva (45%), e 16 estavam em primeira recidiva, com mediana de 8 meses do diagnóstico de LMA. Avaliação citogenética evidenciou baixo risco em 2 pacientes (7%), alto em 4 pacientes (14%) e intermediário ou inclassificável em 23 (79%), conforme classificação do European LeukemiaNet, prejudicada por indisponibilidade de avaliação molecular. Todos os pacientes receberam FLAG, com 19 pacientes (66%) recebendo daunorrubicina e 10 sem antraciclina (33%). Resposta completa com doença residual mínima (DRM) positiva foi observada em 10 pacientes (34%), refratariedade em 7 (24%) e não-avaliável devido a mortalidade precoce relacionada ao tratamento em 12 (41%), com taxa de resposta global de 59%. Entre os pacientes com idade igual ou superior a 60 anos (n = 10), 8 apresentaram mortalidade intra-hospitalar no primeiro ou segundo ciclo (80%). Sete pacientes receberam terapia de terceira linha, com CLAEG em 4 casos e citarabina em dose intermediária e venetoclax em 3 casos. Com mediana de seguimento de 10 meses, foram observados 25 óbitos, dos quais 24 foram em ambiente hospitalar, 20 por sepse (83%) e 4 por sangramento (17%). A mediana de SG após diagnóstico de LMA-RR foi de 3 meses. TCTH alogênico foi realizado em 3 pacientes (10%), e uma paciente aguarda TCTH alogênico em terceira linha.

Discussão

O tratamento de LMA-RR nesta população foi prejudicado por limitada caracterização prognóstica, ausência de serviço local de TCTH e atraso para TCTH em contexto de COVID-19. Terapia de segunda linha baseada em análogo de purina demonstrou eficácia limitada e alta toxicidade, o que reforça a necessidade de aprimoramento de opções terapêuticas. Nenhum dos pacientes teve acesso a estudo clínico, o que reflete dificuldades de tratamento e avaliação prognóstica locais. O uso de FLAG em idosos foi especialmente tóxico e associado a curta sobrevida.

Conclusões

O tratamento de LMA-RR com regime baseado em análogo de purina no SUS requer escolha cautelosa do paciente, melhor avaliação prognóstica e acesso a TCTH para impacto favorável em sobrevida, e novos regimes de tratamento com melhor balanço entre eficácia e toxicidade são necessários.

O texto completo está disponível em PDF
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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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