
A doença hemolítica do feto e do recém-nascido (HDFN) é uma condição rara que ocorre quando os glóbulos vermelhos maternos ou anticorpos do grupo sanguíneo cruzam a placenta durante a gravidez e causam a destruição dos glóbulos vermelhos fetais, e, em alguns casos, a supressão da medula. Para que a HDFN ocorra, o feto deve ser antígeno positivo (herdado do pai) e a mãe deve ser negativa para o antígeno. Esse processo leva à anemia fetal e, em casos graves, pode progredir para edema, ascite, hidropisia, insuficiência cardíaca e morte. Apesar de existir profilaxia, a HDFN continua um problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Objetiva-se com o presente estudo analisar o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes internados por HDFN e o impacto econômico da hospitalização.
Material e métodosEstudo descritivo, retrospectivo, com coleta de dados secundário através do Sistema de Morbidade Hospitalar no banco de dados do DATASUS. A população foi composta por todos os pacientes internados no Brasil entre 2010 e 2020 em decorrência da doença hemolítica do feto e do recém-nascido. Os dados foram estratificados por número de internações, valor total gasto, valor por internação, raça, sexo, número de óbitos e taxa de mortalidade.
ResultadosNo período proposto foram registradas 30.719 internações por doença hemolítica do feto e recém-nascido, com uma média de 2.744 casos/ano. Apresentando um aumento no número de internações entre 2010 (n=2.515) e 2020 (n=3.114) de 23,82%. Quando analisadas as regiões, houve maior prevalência na região sudeste com 46,98% (n=14.432), seguido região nordeste com 27,03% (n=8.303), centro-oeste com 12,74% (n=3.913), norte com 7,21% (n=2.213) e sul com 6,05% (n=1.858). Em relação ao sexo, não houve predomínio significativo de nenhum, sendo 15.338 casos homens e 15.331 mulheres. A raça com maior número de pacientes foi a parda com 33,35% (n=10.245) e branca com 20,31% (n=6.238). Essa população ficou um tempo médio de 5,2 dias hospitalizados, independentemente se enfermaria ou UTI, totalizando um total de R$ 18.533.108,61 reais gastos e uma média de 603,31 reais por internação. De todos os pacientes internados, 125 foram a óbito, apresentando uma taxa de mortalidade de 0,41%.
DiscussãoA HDFN apesar de rara, apresenta elevado número de internações, com crescente aumento durante a última década. Nesse cenário, a região Sudeste apresentou maior prevalência, seguido por Nordeste, Centro-Oeste, Norte e a região Sul apresentou o menor predomínio. Além disso, observa-se a importância do custo para as internações com cerca de 603,31 reais para cada internações. Com relação ao sexo, não houve predomínio significativo de algum, porém observou-se relação com raça parda, principalmente, e branca. Embora a taxa de internação seja significativa, a taxa de mortalidade desses pacientes internados é menor que 1% dos casos.
ConclusãoOs dados epidemiológicos neste estudo revelam o aumento no número de internações por doença hemolítica do feto e recém-nascido entre 2010 e 2020, considerando a região de distribuição, sexo e raça acometida pela patologia. É de extrema importante o conhecimento a respeito da população acometida por essa desordem, para que seja possível realizar estratégias ne prevenção, diagnóstico tratamento. Permitindo, assim, redução no números de internações pela doença, maior disponibilidade de leitos no Sistema Único de Saúde e redução de gastos ao sistema.