
Para o transplante autólogo, a fonte de escolha para a coleta de CPHs é o sangue periférico mobilizado. A mobilização acontece através da administração do fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF) por 4 dias consecutivos. No quarto dia, caso o paciente não apresente ≥10 células(cels) CD34+/mm3 circulantes, o uso do Plerixafor, uma molécula que se liga reversivelmente e bloqueia o receptor das CPHs, resultando na liberação destas células do estroma medular para a circulação periférica, é uma alternativa para resgatar esta mobilização.
ObjetivoAvaliar os resultados do uso do Plerixafor de acordo com os números encontrados na quantificação das CPHs no sangue periférico e no produto de leucaférese através da estratificação por grupos e tipo de doença de base, além do desfecho clínico.
MétodosPara a coleta das CPHs, as aféreses foram iniciadas 8h após a administração do Plerixafor conforme recomendação em bula. Foram colhidas, em média, 4 volemias por aférese para células mononucleares em SpectraOptia. Para quantificação de CPH foi utilizada citometria de fluxo para cels CD34+/CD45low, segundo metodologia definida pela ISHAGE, em citômetro BD FACScalibur. Para o tempo de pega de enxertia foram considerados o dia da infusão das CPH e o primeiro de três dias consecutivos com leucometria de sangue periférico contendo mais de 500 neutrófilos/mm3.
ResultadosDentre os pacientes com mieloma múltiplo 34,21% precisaram recorrer ao uso de Plerixafor para atingir o alvo terapêutico enquanto entre os pacientes de linfomas a porcentagem foi de 54,44%. O nº de aféreses foi similar entre os usuários do medicamento e os que apenas utilizaram G-CSF. Quanto ao tempo de pega, ambos os grupos tiveram predomínio entre 10 e 11 dias, 69,34% para os que utilizaram o Plerixafor, e 72,77% para os que usaram apenas o G-CSF. Entre os pacientes até 65 anos, 78% foramtratados com Plerixafor e 81% utilizaram apenas G-CSF. No quarto dia da mobilização os pacientes tratados com Plerixaflor apesentavam em média 5 cels CD34+/mm3, 37 cels CD34+/mm3 logo antes da aférese e foram coletadas 4,33×106 CD34+/Kg. Já os pacientes que utilizaram apenas G-CSF tiveram como média 32 cels CD34+/mm3, 45 cels CD34+/mm3 logo antes da aférese e foram coletadas 4,86×106 CD34+/Kg.
ConclusãoEstes resultados demonstraram que o uso do Plerixafor como resgate nas mobilizações foi eficaz principalmente para os pacientes de linfomas, reduzindo o número de aférese e poupando os mesmos de uma segunda mobilização. Devido ao seu alto custo, os Centros Transplantadores têm desenvolvido protocolos para tomada de decisão, otimizando o seu uso em benefício ao paciente. Em função da correlação positiva entre a contagem das CPHs no sangue periférico e no produto de leucaferese, os protocolos geralmente dispõem sobre o uso preventivo do Plerixafor, ou seja, utilizam como parâmetros o alvo planejado das CPHs a serem coletadas e a contagem destas células no sangue periférico durante a mobilização com G-CSF para decidir se o Plerixafor é necessário.