HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO transplante hepático intervivos é um procedimento realizado no HCPA e configura-se como uma alternativa ao transplante com doador falecido, não havendo necessidade de aguardar na fila de transplantes. Nele, uma parte do fígado de um doador vivo é transplantada para um paciente com doença hepática. Devido à complexidade e ao elevado potencial de sangramento desses procedimentos, é frequente o uso da recuperação intraoperatória (RI) para autotransfusão. Essa técnica visa reduzir a necessidade de transfusão alogênica de concentrados de hemácias, minimizando a exposição a antígenos eritrocitários e leucocitários, além de contribuir para a otimização dos estoques do banco de sangue.
ObjetivosO objetivo deste estudo é analisar o número de cirurgias desse perfil, bem como o tipo sanguíneo, sexo, idade, duração dos procedimentos, volume de sangramento e volume reinfundido para doadores e receptores nos casos em que foi utilizado o equipamento de RI para autotransfusão.
Material e métodosFoi realizado um estudo retrospectivo referente ao período de janeiro de 2020 a abril de 2025, a partir dos registros de solicitação do uso do equipamento de RI para autotransfusão armazenados no banco de dados do serviço de hemoterapia. As solicitações foram organizadas em uma planilha específica contendo as informações clínicas e cirúrgicas dos pacientes envolvidos.
ResultadosNo período analisado, foram registrados 55 transplantes hepáticos intervivos, totalizando 105 procedimentos com uso de RI, considerando os 50 doadores envolvidos. O grupo sanguíneo mais prevalente foi o O positivo (44%), tanto entre doadores quanto entre receptores. Entre os doadores, predominou o sexo masculino (74%), entre os receptores, o feminino (53%). A idade média dos doadores foi de 30 anos ± 8,1 (máx: 49 anos, min: 17 anos), enquanto a dos receptores foi de 2 anos ± 3,1 (máx: 15 anos, min: 04 meses). A duração média da hepatectomia nos doadores foi de 7h02min (máx: 10h05min, min: 04h15min) e o tempo médio do transplante nos receptores foi de 9h26min (máx: 15h30min, min: 06h05min). O volume médio de sangramento foi de 266 mL ± 292 (máx: 1431 mL, min: 0 mL) nos doadores e 528 mL ± 479 (máx: 1790 mL, min: 0 mL) nos receptores. Já os volumes médios de reinfusão foram de 147 mL ±161 (máx: 559 ml, min: 0 ml) e 189 mL ± 191 (máx: 761 ml, min: 0 ml), respectivamente.
Discussão e conclusãoA utilização da RI para autotransfusão demonstra ser uma estratégia fundamental no transoperatório, ao reduzir a exposição dos pacientes ao sangue alogênico e prevenir reações transfusionais, além de diminuir a chance de uso do sangue estocado. Os dados evidenciam que o HCPA é referência nacional no transplante hepático intervivos, atendendo pacientes de diferentes regiões do país. O número significativo desses procedimentos realizados neste hospital parece ser uma alternativa na indisponibilidade de órgão de doador cadáver.




