
Entende-se como reação transfusional, a definição dada pela Anvisa como sendo “toda e qualquer intercorrência que ocorra como consequência da transfusão sanguínea, durante ou após a sua administração”. Pode ser dividida em imediata e tardia. Este trabalho tem como objetivo quantificar e classificar as Reações Transfusionais (RT) notificadas no período de 2020 a 2022 em 29 Hospitais Particulares do Estado de São Paulo. Serão classificados quais os tipos de reação e incidência de acordo com o gênero, idade e setor em que o paciente estava alocado no momento da reação adversa.
MétodosOs dados compilados foram retirados do sistema informatizado RealBlood que atende 29 agências transfusionais do Estado de São Paulo, incluindo os hospitais a distância atendidos, totalizando 681 RT notificadas no período de estudo.
ResultadosEntre os dados encontrados, foi possível observar que 50,8% das RT encontradas foram em pacientes do sexo feminino e 49,2% em pacientes do sexo masculino. O tipo de RT de maior prevalência neste estudo é a reação alérgica (ALG) com 48,75% dos casos, seguida da Reação Febril Não Hemolítica (RFNH) em 42,44% dos casos. Para essas RTs, a média de idade dos pacientes está entre 44 e 54 anos, respectivamente. Além disso, há RTs de menores prevalências, como a sobrecarga volêmica (TACO) com 3,96% dos casos, Aloimunizações (ALO) com 2,50%, reações com lesão pulmonar aguda (TRALI) com 0,88%, reação Hipotensiva (HIPOT) 0,73%, Reações Hemolíticas (RH) 0,59% e RT por Contaminação Bacteriana (CB) com 0,15%. Os setores de maior predomínio de pacientes no momento da RT eram as unidades de terapia intensiva, com 45,81%, enfermaria com 36,86%, pronto atendimento 6,61%, setores oncológicos com 5,58%, centros cirúrgicos/obstétricos com 3,08% e ambulatórios com 3,08% dos casos.
DiscussãoAtravés dos dados encontrados, é possível verificar que não houve concentração expressiva na variável sexo dos pacientes. As RTs podem ser classificadas quanto ao tempo de aparecimento, à gravidade, à correlação com a transfusão e ao diagnóstico. As RFNH e ALG foram as duas RTs imediatas mais notificadas ao sistema Notivisa no período de 2020 a 2022, chegando a 91,19% do total de reações, de acordo com o que é divulgado nos relatórios do Ministério da Saúde. Quanto a variante idade, foi possível encontrar desde pacientes com 1 dia de vida à pacientes com 100 anos de idade. Entretanto, a média de idade dos pacientes que sofreram reações do tipo TACO estava em torno de 70 anos, a mais alta se comparada com as demais médias. Isso pode nos indicar que este tipo de reação é mais prevalescente em pacientes idosos. A anemia é prevalente entre pacientes criticamente enfermos, sendo, portanto, comum nas unidades de terapia intensiva. Assim, as transfusões sanguíneas são frequentemente prescritas durante a internação neste setor, o que pode explicar o alto índice encontrado de RTs neste setor durante o estudo.
ConclusãoAtravés deste estudo é possível concluir que o sexo dos pacientes não influência o tipo de RT apresentado entre eles. Quanto ao tipo de RT, as mais comuns apresentadas pelas 29 agências transfusionais analisadas foram a RFNH e ALG, nas quais encontramos médias de idade de 50 anos e pacientes geralmente internados em setores como a unidade de terapia intensiva.