
Analisar as principais manifestações psíquicas e comportamentais dos acompanhantes de pacientes pediátricos com tumores sólidos recidivados em processo de transplante de medula óssea, visando implementar estratégias de intervenção psicológica eficazes para amenizar o sofrimento dos familiares.
Material e métodoTrata-se de um estudo retrospectivo que visou identificar manifestações psíquicas e comportamentais de dez acompanhantes de pacientes pediátricos com tumores sólidos recidivados, em processo de transplante de medula óssea. Realizou-se a coleta de dados através das avaliações e evoluções psicológicas registradas no sistema de prontuário eletrônico Tasy, no período de março de 2023 a Julho de 2024, em um hospital especializado em atendimento oncológico pediátrico. O material foi analisado a partir das principais manifestações psíquicas e comportamentais registradas, assim como as intervenções realizadas pelos psicólogos.
ResultadosComo resultado, obteve-se como principais manifestações psíquicas e comportamentais o sentimento de impotência, dificuldades de adaptação a internação prolongada, tédio por falta de estímulos, medo do avanço da doença, preocupação com intercorrências dos pacientes, luto por perdas significativas, desesperança, agressividade, alterações de humor e desejo pela cura e término de tratamento. Como principais intervenções psicológicas, foi registrado a escuta ativa, acolhimento, fortalecimento de mecanismos de enfrentamento, avaliação de mecanismos de defesa, manejo de manifestações de angústia, orientações comportamentais, aplicação de técnicas de distração e relaxamento.
DiscussãoA partir dos resultados obtidos, observa-se que o processo de transplante de medula óssea é árduo para muitos acompanhantes. Em um contexto de recidiva, o sofrimento é ainda mais perceptível, principalmente pelo temor a perda do ente querido. O tratamento oncológico de tumores sólidos metastáticos é extenso e em muitos casos causa ruptura e perdas permanentes na vida dos envolvidos. O transplante de medula óssea aparece para muitos como uma chance de cura, entretanto por suas características também desperta manifestações psíquicas de sofrimento e comportamentos desadaptativos aos acompanhantes. As intervenções psicológicas mostraram-se em sua maioria efetivas no suporte emocional e também manejo comportamental.
ConclusãoA partir da análise e discussão dos resultados, conclui-se que é de grande relevância o acompanhamento psicológico, não só dos pacientes oncológicos, mas também de seus familiares. Em um contexto de transplante de medula óssea, evidencia-se que acompanhantes com melhores recursos de enfrentamento e melhor gerenciamento de emoções, conseguem ofertar maior apoio aos pacientes.