HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA hemoterapia é uma prática essencial para a manutenção da vida em situações clínicas críticas, sendo o hemocentro o principal responsável pelo fornecimento e monitoramento dos hemocomponentes transfundidos. Compreender o perfil e a evolução das transfusões ambulatoriais realizadas no Hemocentro Coordenador de Sergipe (HEMOSE) é fundamental para aprimorar a gestão, logística e qualidade da assistência ao paciente.
ObjetivosO presente estudo teve como objetivo analisar quantitativamente as transfusões ambulatoriais realizadas no Hemocentro Coordenador de Sergipe (HEMOSE) entre os anos de 2020 e 2024, com ênfase na identificação dos hemocomponentes mais utilizados no período, visando fornecer subsídios técnicos que orientem o planejamento estratégico, a alocação de recursos e a qualificação contínua dos serviços hemoterápicos prestados à população.
Material e métodosTrata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, baseado em dados secundários obtidos dos registros internos do HEMOSE. Foram computadas todas as transfusões ambulatoriais realizadas entre janeiro de 2020 e dezembro de 2024, com discriminação por tipo de hemocomponente. Os dados foram organizados em planilhas e analisados estatisticamente de forma quantitativa e gráfica.O presente estudo evidenciou a expressiva demanda por hemocomponentes no âmbito ambulatorial do HEMOSE, totalizando 10.574 transfusões realizadas entre os anos de 2020 e 2024. A maior concentração dessas transfusões ocorreu no ano de 2021, possivelmente em decorrência do retorno gradual das atividades hospitalares após os períodos mais críticos da pandemia de COVID-19, o que corrobora achados de Cunha et al. (2022), que destacaram o impacto da pandemia na redistribuição e priorização dos procedimentos hemoterápicos em serviços públicos.
Discussão e conclusãoOs dados revelam uma média anual de 2.114 transfusões ambulatoriais no HEMOSE entre 2020 e 2024. O pico ocorreu em 2021, com 2.666 procedimentos, seguido de uma queda progressiva até 2024. Tal variação pode refletir múltiplos fatores, como alterações na demanda hospitalar, pandemia da COVID-19, políticas de racionalização de hemocomponentes ou mudanças no perfil epidemiológico dos pacientes. Em 2020, observa-se que 67,5% das transfusões corresponderam ao concentrado de plaquetas pediátricas, o que sugere forte demanda por parte de pacientes oncológicos infantis ou portadores de doenças hematológicas específicas.O levantamento evidencia a importância do monitoramento contínuo das transfusões ambulatoriais no hemocentro. A predominância de plaquetas pediátricas em 2020 sinaliza uma área prioritária de atenção. Recomenda-se a ampliação da capacidade de produção e estoque deste hemocomponente, bem como o fortalecimento da interface entre o HEMOSE e unidades pediátricas de referência.
Referências:
Consensus of the Brazilian Association of Hematology, Hemotherapy and Cellular Therapy on Patient Blood Management (PBM). Hematology, Transfusion and Cell Therapy (HTCT). 2024 Mar–Apr; 46(2):100678.
Paula EM, Gurgel MF, Cavalcante JB, et al. Successful implementation of a patient blood management program in Ceará. Rev Bras Hematol Hemoter. **2024 May 10;**46(3):100701.
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