Introdução: As neoplasias hematológicas (NH) são um conjunto de doenças malignas que afetam células hematopoiéticas imaturas e maduras. Sua classificação é complexa e engloba aspectos clínicos, imunofenotípicos e genéticos (SWERDLOW, 2017). Diversos fatores de risco podem influenciar na carcinogênese hematológica, resultando em anormalidades de diferenciação e proliferação celular (REYA, 2001). Nas estatísticas publicadas, as neoplasias hematológicas são comumente agrupadas em leucemias (C91-C95), linfoma Hodgkin (C81) e linfoma nao Hodgkin (C82-C85; C96) (INCA, 2019). Utilizando esta metodologia, neoplasias com comportamento clínico diverso são agrupadas, como é o caso das leucemias agudas e crônicas. Além disso, doenças como o mieloma múltiplo acabam não sendo computadas. Objetivos: Analisar dados epidemiológicos das neoplasias hematológicas no Brasil no período de jan/2008 a dez/2017. Material e métodos: Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo, com dados coletados por meio do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) da plataforma DATASUS – Departamento de Informática do SUS durante o período de jan/2008 a dez/2017. Foram coletados dados de óbitos por câncer de mama, estômago, colorretal, pulmão, colo do útero, próstata e neoplasias hematológicas (foram agrupadas pelos CIDs relacionados – C81 a C96) nas diferentes regiões geográficas brasileiras e por sexo. Resultados: Durante o período analisado foram constatados 136.258 óbitos por NH. A faixa etária com mais de 60 anos totalizou 79.337 óbitos (58% do total). Utilizando a análise agrupada, as NHs ocupam o sexto lugar em mortalidade, representando 13,7% das mortes em ambos os sexos. Destas, 73.358 acometeram homens (54%) e 62.900 (46%) mulheres. Analisando por região e comparando-se a mortalidade, as NH ocupam 12,9% da mortalidade na região Norte, 13,9% no Nordeste, 13,8% no Sudeste, 13,2% no Sul e 14,3% no Centro-Oeste. Dentre os tipos de NH, o linfoma não Hodgkin não especificado ocupou o primeiro lugar, totalizando 31.864 óbitos (23%). Discussão: Quando agrupadas, as NH ocupam posição de destaque nas estatísticas de câncer no Brasil, ficando entre as dez neoplasias com maior mortalidade. Apesar de analisar um grupo heterogêneo de doenças, tal dado se torna relevante considerando-se a ausência de políticas públicas que estimulem a detecção precoce deste grupo de doenças. Atualmente, a literatura ainda carece de informações a respeito da mortalidade por NH em geral, enfatizando a necessidade de se investigar mais sobre o assunto. Conclusão: A forma atual de agrupamento de neoplasias hematológicas é falha, pois coloca no mesmo grupo neoplasias de comportamento indolente, agressivo e muito agressivo. O agrupamento das neoplasias hematológicas em um único grupo, no sentindo de entender seu impacto na saúde da população, abre discussão sobre a sua importância na mortalidade por câncer no Brasil. Nota-se, atualmente, descaso da comunidade médica não especializada a respeito do assunto, que é comumente tratado como muito raro. A identificação deste grupo de doenças no ranking das 10 neoplasias malignas mais importantes (em termos de mortalidade) destaca a necessidade de políticas públicas e campanhas de conscientização sobre o papel do diagnóstico precoce e do acompanhamento especializado na evolução destas neoplasias.
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