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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 2253
Acesso de texto completo
ANÁLISE COMPARATIVA DO USO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS EM DOIS HOSPITAIS GERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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95
TGd Alencar, RR Aguiar, PVHd Santos, F Akil
Grupo Gestor de Hemoterapia ‒ Grupo GSH, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A transfusão de sangue representa uma das intervenções terapêuticas mais utilizadas no suporte clínico e cirúrgico. O Concentrado de Hemácias (CH) se destaca como o principal recurso terapêutico em múltiplas situações clínicas, desde episódios hemorrágicos até anemias refratárias. Apesar da padronização dos protocolos transfusionais estabelecidos por normativas nacionais e internacionais, a forma como os hemocomponentes são utilizados varia significativamente entre as instituições, refletindo o perfil assistencial, a complexidade clínica e as características socioeconômicas da população local.

Objetivos

Avaliar e comparar o perfil de utilização de CH entre duas instituições hospitalares com naturezas assistenciais distintas, identificando os setores com maior demanda, as principais indicações e, sobretudo, as implicações clínicas e logísticas que essas diferenças geram no manejo transfusional.

Material e métodos

Os dados foram extraídos do sistema RealBlood® de dois hospitais localizados no estado do Rio de Janeiro: o Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), unidade pública situada na Baixada Fluminense, e a Casa de Saúde São José (CSSJ), hospital privado de médio porte situado na zona sul da capital. O período foi de fevereiro de 2024 a fevereiro de 2025.

Resultados

O CH foi o hemocomponente mais utilizado em ambos serviços, sendo 7619 (86,24%) no HGNI e, 1939 (55,61%) na CSSJ. No CSSJ, os diagnósticos mais frequentes foram: anemia a esclarecer (35%) e anemia sintomática (14%), seguido por sepse, pneumonia e fratura de fêmur. As unidades com maior consumo foram: terapia intensiva (46%) e semi-intensivas (17%). O perfil predominante de pacientes foi idosos com comorbidades e internados para suporte clínico. Já no HGNI, os diagnósticos prevalentes foram choque hemorrágico, metrorragia e hemorragia digestiva alta ‒ condições agudas e de gravidade. Os maiores volumes transfusionais se concentraram nas enfermarias (3.228), emergência (1.703) e centro cirúrgico (843). A instituição atende, no geral, pacientes jovens, vítimas de trauma ou com necessidade de cirurgias de urgência.

Discussão e conclusão

À primeira vista, parece que os hospitais seguem o mesmo padrão transfusional dada a predominância do uso de CH, porem sua participação no total de hemocomponentes transfundidos e as razões clínicas que justificam o uso expõem realidades distintas. No HGNI, hospital público de grande porte e foco emergencial, a urgência dita o ritmo do cuidado com pacientes admitidos em estado crítico, exigindo intervenções imediatas. É uma instituição porta aberta, em uma região com altos índices de violência, o que justifica o protagonismo da emergência e do centro cirúrgico no uso do sangue. Já na CSSJ, instituição privada e voltada ao cuidado crônico, a demanda transfusional é mais equilibrada e programada. A maior proporção de plaquetas e plasmas transfundidos sugere condutas terapêuticas mais diversificadas, voltadas para estabilidade clínica, controle de coagulopatias e suporte em procedimentos eletivos. Ainda que os serviços compartilhem a centralidade dos CH na prática transfusional, os motivos e as circunstâncias de sua utilização diferem. Essa constatação reforça a importância de se pensar a gestão do sangue não apenas sob a ótica quantitativa, mas sobretudo qualitativa, respeitando as nuances assistenciais de cada serviço. Logo para uma política transfusional eficiente, devemos trabalhar sua aplicação racional, segura e contextualizada à realidade de cada hospital.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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