HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA introdução da eletroforese de hemoglobina na Triagem Neonatal em Minas Gerais, em 1998, permitiu amplo diagnóstico da doença falciforme (DF), com melhora global na assistência, qualidade de vida e sobrevida das pessoas com a doença. Entretanto, ainda existem desafios a serem enfrentados e um deles é a baixa adesão ao tratamento dos adultos jovens, com impacto na mortalidade dessa faixa etária. A transferência de cuidados da pediatria para a clínica de adultos se revelou um problema, pois os pais ou responsáveis legais deixam de ter protagonismo no cuidado de saúde dos adolescentes/adultos jovens e estes muitas vezes não estão preparados para assumir essa função, seja por não entender a própria doença ou por questões típicas dessa fase e seus questionamentos.
Descrição do casoNo Hemocentro de Belo Horizonte não há mudança na área física onde é realizado o atendimento da criança e do adulto com DF e muitas vezes o paciente não precisa mudar de médico assistente. Apesar disso, foi identificada a oportunidade de ação por intermédio da aplicação de questionário diagnóstico simples sobre o conhecimento da doença em amostragem de pacientes. Percebeu-se que o adolescente desconhecia informações básicas sobre a DF, suas manifestações e tratamento, que eram discutidas nas consultas, mas que muitas vezes eram direcionadas aos cuidadores. Em novembro de 2023 iniciou-se a realização de rodas de conversa com a participação de médico, enfermeiro, pedagogo, psicólogo, assistente social e fisioterapeuta, com ênfase na educação em saúde e no compartilhamento de experiências. São convidados pacientes com idade entre 13 e 21 anos, a presença dos seus cuidadores ou acompanhantes é opcional. Os encontros se iniciam com uma apresentação sobre epidemiologia, fisiopatologia, herança genética, manifestações clínicas e tratamento da DF. Os participantes são estimulados a comentar aspectos da doença e a fazer perguntas sobre os temas abordados. A seguir é feita uma dinâmica, onde são sugeridos temas para serem discutidos, como responsabilidade, autonomia, vida profissional, atividade física, vida sexual, escola, trabalho, saúde mental, relacionamentos, lazer, sonhos, uso de drogas e de bebida alcóolica, entre outros. São aplicados questionários para avaliação de autonomia e conhecimento sobre a DF, assim como um questionário de avaliação do evento e sugestão de temas. Até o momento foram realizados 12 encontros, com 115 participantes no total, com média de 5,3 pacientes e 4,25 acompanhantes por reunião. Além de 19 pacientes residentes em Belo Horizonte, compareceram 47 de mais 30 municípios. Do total de 64 pacientes, 33 são do sexo feminino e 31 do masculino; com idade média de 17,25 anos; 40 com fenótipo HbSS, 21 HbSC, 2 com fenótipo HbSF, 1 com fenótipo HbSBtal. Estiveram presentes 53 acompanhantes, sendo 36 mães, 8 pais e 9 com outros parentescos.
ConclusãoOs feedbacks são positivos e nos motivam a continuar com as rodas de conversa e estudar futuramente o impacto na adesão às consultas, uso de medicamentos e o conhecimento consolidado. O desafio é estimular o comparecimento e recrutar os participantes via contato telefônico, já que os encontros ocorrem em dias diferentes das consultas e muitos pacientes residem em municípios distantes do Hemocentro. Para a divulgação e convites foi elaborado folder e feita parceria com associação de pacientes. Solicita-se às prefeituras do interior o transporte e são fornecidas declarações de comparecimento para facilitar a vinda dos participantes.




