HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia linfoblástica aguda com cromossomo Filadélfia (LLA Ph+) representa 25–30% dos casos de LLA em adultos, com prognóstico historicamente desfavorável. A introdução dos inibidores de tirosina quinase (TKIs) melhorou os desfechos, embora a melhor estratégia combinatória de fármacos ainda esteja em investigação. Diretrizes da National Comprehensive Cancer Network (NCCN) incluem protocolos com TKIs de intensidades variadas, enquanto o papel do transplante alogênico de células-tronco hematopoéticas (alo-TCTH) na primeira remissão completa (RC1) vem sendo reavaliado devido ao advento das terapias-alvo, imunoterapias e esquemas quimio-light/free.
ObjetivosBuscar regimes que maximizem remissão com menor toxicidade e uso do alo-TCTH.
Material e métodosFoi conduzida uma revisão de estudos em adultos (≥ 18 anos) com diagnóstico de LLA Ph+ recém-diagnosticada, com foco em terapias inovadoras. Os esquemas terapêuticos foram classificados por intensidade e tipo, ou seja: quimioterapia intensiva, TKI mais imunoterapia ou abordagens quimio-light/quimio- free. Foram extraídos dados de resposta molecular, negativação da doença residual mínima (DRM), recaída, sobrevida livre de eventos (SLE), sobrevida global (SG) e necessidade de alo-TCTH.
Discussão e conclusãoEntre os protocolos defendidos pela NCCN, atualmente incluem-se CALGB 10701, EsPhALL, EWALL, HyperCVAD modificado, TKI com vincristina e dexametasona, TKI com corticosteroide e regimes com blinatumomabe, já que as estratégias mais recentes buscam substituir a quimioterapia mais intensa por fármacos menos tóxicos. No D-ALBA (n = 63), dasatinibe mais corticosteroide seguido de blinatumomabe alcançou SG/SLE de 80,7%/75,8% em 4 anos, apesar de DRM em 24% na indução. Já no BLISSPHALL (n = 17), o emprego precoce de blinatumomabe resultou em apenas duas recaídas sem elevação da DRM. O estudo MDACC (n = 62) apresentou: SG: 89%, SLE: 77%, alo-TCTH: 3% em dois anos. A combinação de olverembatinibe e blinatumomabe (n = 13) alcançou SG de 100% e SLE de 87,5% em seis meses. Enquanto que no estudo de Gong et al., em 12 pacientes tratados com venetoclax, olverembatinibe e vincristina foi obtida resposta molecular completa em 100%, sem recaídas em 12 meses. E no estudo de Xu et al. (n = 15), a SLE foi de 93% em 18 meses, e sem o surgimento de eventos adversos graves ou a necessidade de alo-TCTH. Outro exemplo promissor, foi um estudo com CAR-T anti-CD19 e anti-CD22 (n = 18), que após indução com dasatinibe e vincristina elevou a taxa de resposta de 27,8% para 76,9%, com remissão sustentada em 14 pacientes após 13,5 meses, sem necessidade de alo-TCTH. A combinação de TKIs com imunoterapia, especialmente blinatumomabe, tem gerado remissões profundas, com melhores taxas de SG/SLE, menor toxicidade e redução da necessidade de alo-TCTH. Além disso, estratégias com ponatinibe ou olverembatinibe associados a imunoterapia ou venetoclax também têm se apresentado promissoras. Enquanto que abordagens com CAR-T têm ampliado as perspectivas nos casos refratários, inclusive viabilizando remissões sustentadas sem o emprego de alo-TCTH. O tratamento da LLA Ph+ evoluiu com a incorporação da imunoterapia e com o emprego de TKIs. A combinação de blinatumomabe com ponatinibe ou olverembatinibe, além de protocolos quimio-light/free e as terapias CAR-T, representam uma mudança de paradigma, direcionando para uma reavaliação contínua baseada em estudos prospectivos.




