HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA coleta de células-tronco hematopoiéticas (CTH) por aférese é uma etapa crítica no transplante alogênico e requer acesso venoso de alta qualidade, com capacidade de sustentar fluxos de 50 a 100 mL/min. A decisão entre o uso de acesso venoso periférico (AVP) e cateter venoso central (CVC) baseia-se em variáveis clínicas como idade, calibre e qualidade dos vasos, preparo do doador e urgência do procedimento. Evidências sugerem que o AVP deve ser priorizado sempre que viável, por estar associado a menor risco de intercorrências, como infecção, trombose e complicações mecânicas, sem comprometer a eficácia da coleta (número de células CD34⁺)(1).
ObjetivosAnalisar a frequência de uso dos diferentes tipos de cateter e as principais intercorrências associadas em doadores alogênicos submetidos à aférese para transplante de medula óssea na Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Material e métodosEstudo transversal, com base nos registros de doadores alogenicos de ambos sexos submetidos à coleta por aférese entre janeiro de 2023 e maio de 2025. As variáveis analisadas foram: tipo de acesso venoso utilizado (CVC ou periférico), idade, peso do doador, tipo de doador (aparentado ou não aparentado), volume total coletado (em mL), intercorrências associadas ao acesso e necessidade de mais de uma sessão de coleta. Os dados foram extraídos de registros institucionais do centro de coleta. Foi realizada a analise descritiva dos dados por meio de frequências absolutas(n) e relativas(%), e medidas de tendência central e disperção.
ResultadosA amostra do estudo foi composta por 108 doadores de medula óssea, sendo 47 do sexo feminino (43,5%) e 61 do sexo masculino (56,5%). Em relação ao índice de massa corporal (IMC), 29,6% dos doadores apresentavam sobrepeso e 12,9% foram classificados como obesos grau II. A média de idade foi de 42,16 anos (DP = 12,26). Quanto ao tipo de acesso venoso utilizado para a coleta por aférese, 39 doadores (36,1%) necessitaram da inserção de cateter venoso central (CVC), enquanto os demais realizaram o procedimento por meio de acesso venoso periférico (AVP). O volume médio de células-tronco hematopoiéticas coletado foi de 187,23 mL (DP = 69,20) entre os doadores com CVC e de 235,41 mL (DP = 89,63) entre os que utilizaram AVP. Em relação ao número de sessões de coleta, apenas 5 doadores (4,62%) precisaram realizar duas sessões. No que se refere às intercorrências, 15 doadores com CVC (38,5%) apresentaram hematomas no local de inserção e 5 (12,8%) tiveram sangramento intenso após a retirada do cateter. Entre os doadores com AVP, 12 (17,4%) relataram hematoma e 1 (1,4%) apresentou parestesia no membro puncionado. Não foram observados casos de infecção ou outras complicações graves relacionadas ao tipo de acesso utilizado.
Discussão e conclusãoO acesso venoso periférico foi utilizado na maioria das coletas, corroborando com a literatura, que apresenta este como mais seguro e eficaz. Destaca-se que o cateter venoso central foi reservado a doadores com acesso periférico inadequado, esta opção mostra-se adequada e personalizada, com baixa taxa de complicações.
Referências: Cesaro S, Caddeo G. Vascular Access. 2024 Apr 11. In: Sureda A, Corbacioglu S, Greco R, Kröger N, Carreras E, editors. The EBMT Handbook: Hematopoietic Cell Transplantation and Cellular Therapies [Internet]. 8th ed. Cham (CH): Springer; 2024. Chapter 23. PMID: 39437078. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK608234>.




