Atualmente, o plasma comum e o plasma fresco congelado são os hemocomponentes com maiores índices de descarte. De acordo com a ANVISA, em 2023, a produção de plasma fresco congelado e plasma comum representou 32,3% da produção total de hemocomponentes do país sendo que 54% foram descartados por “outros”motivos, 10,7% foram utilizados para fins terapêuticos e 10,4% destinados a indústria. Embora atualmente o plasma seja um dos hemocomponentes com menor demanda transfusional, há um crescente potencial para a destinação dos plasmas para a produção de hemoderivados pela indústria. Em 2020, de acordo com a ANVISA, a destinação dos plasmas para a indústria foi de apenas 0,016% e, em 2023, o quantitativo foi de 10,4%. No intuito de reduzir a perda de plasma por baixo volume e aumentar sua disponibilidade para a indústria e/ou transfusão foi proposta a redução do volume dos concentrados de plaquetas, sem impactar na sua qualidade ou desprezo.

O estudo foi realizado no setor de processamento da COLSAN Associação Beneficente de Coleta de Sangue nas cidades de Sorocaba e São Paulo (zona sul) e dividido em 02 fases. Na fase 01 (F1) foram coletados os dados antes das ações de melhoria propostas e na fase 02 (F2) foram coletados após a implementação das ações propostas. Em ambas as fases, foram coletados dados de 400 hemocomponentes. A ação avaliada foi a redução do volume médio dos concentrados de plaquetas produzidos de 60 ml para 50 ml com o objetivo de aumentar o volume dos plasmas produzidos.

Na F1, os volumes médios foram de 62 ml e 162,5 ml dos concentrados de plaquetas e plasmas, respectivamente, totalizando 28,2% de descarte de plasma por volume inferior à 150ml. Já na F2, os volumes médios foram de 51,5 ml e 166,4 ml dos concentrados de plaquetas e plasmas, respectivamente, totalizando 22% de descarte dos plasmas por baixo volume.

Com a redução do volume médio dos concentrados de plaquetas, houve redução de 6,2% no descarte de plasma por baixo volume. Além disso, o descarte dos concentrados de plaquetas por baixo volume não teve impacto com a mudança implementada. Sendo assim, demonstramos que uma ação simples pode ser avaliada na rotina de produção de hemocomponentes para reduzir o desprezo de plasmas, aumentando a disponibilidade para transfusão e/ou indústria.