
No Brasil, o câncer infantil é a maior causa de morte por doenças na população pediátrica, sendo a Leucemia Linfoide Aguda (LLA) o tipo mais comum. O diagnóstico e tratamento do câncer causam mudanças nos papeis sociais da criança e seus familiares e podem eliciar sentimentos como medo, ansiedade, culpa, raiva e desencadear transtornos psicológicos. Muitas vezes, o diagnóstico passa a ser uma vivência familiar, e não mais exclusivo da criança que o recebe, justamente por ser um evento inesperado que acarreta em mudanças de hábitos e rotinas de toda a família. Dessa forma, é importante pensar na psicoeducação como elemento indispensável na compreensão e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento para a criança e familiares que recebem o diagnóstico de leucemia. Apresentar a psicoeducação como intervenção psicológica indispensável para a compreensão da doença e tratamento, desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e atenuação de sentimentos como medo, ansiedade e culpa dentro do diagnóstico onco-hematológico infantil. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, conduzido na rotina do Serviço de Psicologia Hospitalar do Graacc – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, em São Paulo, no período de junho a agosto de 2024. Utilizamos a pesquisa retrospectiva de evoluções de prontuários no sistema Tasy e as planilhas diárias de controle de atendimentos do Serviço de Psicologia Hospitalar. A amostra foi composta por 08 pacientes em acompanhamento psicológico pelo Serviço de Psicologia, sendo 06 do sexo masculino e 2 do sexo feminino, com idades entre 2 e 14 anos e diagnóstico de leucemias e linfomas. Para o processo de psicoeducacão, utilizamos o Manual Infantil, o Manual do Adolescente e o Manual de Leucemia Infantil, do Projeto Casinha. Corroborando com os dados da literatura, constatamos a eficácia da utilização da intervenção em crianças diagnosticadas com câncer. Verificamos que a comunicação direta e honesta com crianças, adolescentes e seus familiares sobre a doença, tratamento e prognóstico permitiu melhor adaptação, aumentando os níveis de informação e de conscientização de pacientes e cuidadores, reduzindo os estados emocionais negativos e desenvolvendo estratégias de enfrentamento mais eficazes, eliminando falsos conceitos e fantasias. Verificamos que a psicoeducação no contexto onco-hematológico também pode englobar informações sobre procedimentos invasivos, tratamentos específicos e hospitalizações constantes, esclarecendo dúvidas que a criança, adolescente e família venham a apresentar. Dessa forma, viabilizar a psicoeducação de elementos importantes envolvidos no processo de adoecimento por câncer infantil torna o adoecer compreensível para a criança e seus familiares, possibilitando o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento eficazes para o momento vivenciado.