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Informação da revista
Vol. 44. Núm. S2.
Páginas S448 (outubro 2022)
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A MONTANHA FOI ATÉ MAOMÉ: A BUSCA ATIVA DE REAÇÕES TRANSFUSIONAIS
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B Trentin, NL Paiva, BS Caetano, FL Luz, JG Vargas, RA Macedo, VS Ramos, MS Monteiro, R Russo, MA Leite
Hemovita POA, Porto Alegre, RS, Brasil
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Vol. 44. Núm S2
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Objetivos

A infusão de hemocomponentes, ainda que corretamente indicada, traz riscos ao receptor. As reações transfusionais são eventos adversos associados à transfusão de sangue. Podem ser classificadas como imediatas ou tardias, em níveis de intensidade. Estratégias que otimizem a prevenção e detecção de tais eventos são fundamentais para uma transfusão segura. Apesar de sua importância clínica, a análise sistemática das reações ainda é um desafio. Além do que, o ato transfusional é multidisciplinar e multinível, onde a notificação da reação demanda uma identificação correta e acurada. É um ciclo no qual a falta de informações tem origem e causa na subnotificação. Diante de tal possibilidade, pensou-se em uma atuação mais dinâmica e abrangente da agência transfusional. Estabeleceu-se a busca ativa das reações transfusionais, objetivando refinar sua identificação e melhorar o seu seguimento, enfim levando à notificação.

Materiais e métodos

A partir de relatórios gerados pelo sistema informatizado da agência transfusional de um hospital privado de Porto Alegre, obteve-se uma lista das transfusões confirmadas. Então, realizou-se a consulta no sistema informatizado do hospital, que possibilitou a pesquisa a partir do prontuário dos pacientes. Após a esta etapa, a busca foi direcionada aos checklist de transfusão, procurando por alterações nos sinais vitais que indicassem uma reação transfusional. Também foram consultados os sinais vitais dos registros manuais das unidades de internação. Procedeu-se, por conseguinte, para o contato diretamente com o paciente, investigando através de uma conversa informal sobre o decorrer da transfusão. Familiares e acompanhantes foram incluídos quando a comunicação com o paciente era impraticável. Por fim, os dados coletados foram dispostos em planilhas, para consequente avaliação e discussão.

Resultados

No período de junho a julho de 2022, a busca ativa englobou 814 transfusões. Dessas, 5 possíveis reações transfusionais, contudo somente 2 foram informadas à agência transfusional. Ao final, foram encontradas 3 possíveis reações subnotificadas. As reações foram classificadas como imediatas leves, apresentando alterações como aumento de temperatura ou pressão arterial.

Discussão

O curto período de coleta de dados reduziu a robustez da análise. Pacientes atendidos em caráter ambulatorial (pronto atendimento e hemodiálise) e pacientes sedados (setores de UTI e bloco cirúrgico) não puderam ser incluídos na busca. O perfil de pacientes atendidos no hospital (idosos, internação prolongada, transtornos psicológicos, etc.) dificulta a comunicação direta, dependendo de informações fornecidas por terceiros. A periodicidade da busca, realizada entre 24h e 48h após a transfusão, não engloba reações tardias.

Conclusão

Através da busca ativa, foi demonstrada a subnotificação das reações transfusionais; e igualmente evidenciadas foram as oportunidades de sua redução. É imperativa a educação continuada para aumento da identificação e aprimoramento do manejo das reações, a fim de evitar efeitos colaterais ou inesperados decorrentes da transfusão. A detecção desses eventos é de interesse comum da agência transfusional, equipe assistencial e instituição, pois nota-se a escassez de estudos de incidência/prevalência das reações. Tais ações contribuem para melhora da cadeia transfusional, corroborando com a hemovigilância no constante resguardo ao paciente.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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