Introdução: Doença falciforme (DF) é um termo genérico para todas as mutações no gene da β-globina que culminam na mesma síndrome clínica. A anemia falciforme é a forma mais comum, representando 70% dos casos de DF em pacientes de etnia africana. Durante a pandemia de COVID-19, os pacientes com DF foram incluídos na categoria de “alto risco”da população. Isso ocorre devido à imunidade prejudicada, resultante do hipoesplenismo funcional, vasculopatia sistêmica, que os predispõe à disfunção orgânica e um alto risco de trombose. A preocupação também foi levantada para esses pacientes com DF e a nova infecção viral, pois eles são, particularmente, propensos a doenças infecciosas e síndrome torácica aguda, importante causa de internação e óbito. Além disso, hipóxia, desidratação ou acidose devido a problemas respiratórios por infecção podem desencadear uma crise vaso-oclusiva, muito dolorosa nos pacientes. Objetivo: Avaliar a associação entre doenças falciformes e a infecção por SARS-CoV-2, com foco nos desafios a serem enfrentados por esses pacientes e a abordagem terapêutica que vem sendo utilizada. Metodologia: Trata-se de revisão sistemática da literatura, com 8 artigos científicos publicados no ano de 2020. As bases de dados pesquisadas foram: PubMed e Google Acadêmico, utilizando-se os descritores: “Covid-19 AND sickle cell anemia” e “SARS-CoV-2 AND sickle cell anemia”. Resultados: Crianças com anemia falciforme e histórico de AVC correm maior risco de AVC recorrente sem terapia regular de transfusão de sangue e, durante esse período, o número de doadores diminuiu, bem como o de profissionais disponíveis para realizar a coleta. Com a possibilidade da pandemia de COVID-19 causar interrupções no fornecimento de sangue, uma solução viável é iniciar imediatamente a terapia com hidroxiureia em baixa dose (dose fixa de 10mg/kg por dia), para todas as crianças que recebem terapia de transfusão sanguínea para prevenção de AVC primário e secundário. Em relação aos pacientes portadores de DF que chegam ao pronto socorro com suspeita de Covid-19, não é certo se a tomografia computadorizada é tão confiável, devido a uma provável sobreposição de alguns achados radiológicos com imagens falciformes. Quanto ao risco trombótico, a síndrome torácica aguda, em pacientes adultos, já havia sido associada a alto risco de trombose nas artérias pulmonares, mas a trombose pulmonar também é uma grande preocupação na COVID-19, e ambas as condições, combinadas, podem constituir risco ainda maior para os pacientes. Conclusão: A alta letalidade da síndrome do desconforto respiratório agudo, relacionado à COVID19, leva à adoção de medidas terapêuticas mais agressivas, em relação às adotadas para pacientes portadores de DF, com o mesmo quadro, e têm apresentado resultados favoráveis, a menos que o paciente apresente comorbidades significativas pré-existentes. E, de forma geral, o portador de DF deve tomar todas as medidas de prevenção recomendadas para minimizar a exposição e prevenir a infecção pelo SARS-CoV-2, principalmente porque a asplenia funcional, esplenectomia e a diminuição da imunidade aumentam o risco de infecções, incluindo infecções virais pulmonares.
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