
A Leucemia Mieloide Aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica maligna que se origina a partir de mutações nas células tronco hematopoiéticas e que afeta os precursores da linhagem mieloide. Apesar dos avanços no entendimento de sua fisiopatologia, novas opções terapêuticas ainda são necessárias, devido as altas taxas de resistência e recaída. Um estudo anterior verificou que a cefalocromina, composto derivado da fermentação do fungo Cosmopora vilior, apresentou atividade antiproliferativa e citotóxica através de parada do ciclo celular em células A549 de câncer de pulmão humano. Estudos dos efeitos da cefalocromina em leucemias agudas, no entanto, ainda não foram explorados. Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi investigar o potencial citotóxico e as respostas de dose e tempo de cefalocromina nas linhagens celulares Kasumi-1, NB4-R2 e OCI-AML3.
Material e MétodosAs linhagens celulares de LMA Kasumi 1, NB4-R2 e OCI-AML3 foram expostas a doses graduadas e crescentes de cefalocromina (Ø, 0.3, 0.6, 1.2, 2.5, 5, 10 e 20 μM) por 24, 48 e 72 horas. O DMSO foi usado como controle negativo. A viabilidade celular foi avaliada pelo ensaio de metiltiazoletrazolio (MTT). A IC50 foi estabelecida por regressão linear e a análise estatística foi realizada por ANOVA e pós-teste de Bonferroni utilizando o software GraphPad Prism. Um valor de p < 0,05 foi considerado significativo.
ResultadosO tratamento com cefalocromina apresentou alto potencial citotóxico dependente de tempo com IC50 na faixa de micromolar para as células Kasumi-1, NB4-R2 e OCI-AML3 (p < 0.05). Os valores de IC50 para 24, 48 e 72 horas de tratamento com cefalocromina foram >20, 5 e 1.9 μM para Kasumi 1, 14.3, 5.1 e 2.9 μM para NB4-R2 e >20, 18.3 e 2.0 μM para células OCI-AML3, respectivamente.
DiscussãoNossos resultados demonstraram que a cefalocromina, composto derivado de fungo, exibe citotoxicidade dependente da dose e, principalmente, do tempo nas linhagens celulares leucêmicas testadas, sendo que as células Kasumi 1, portadora de mutação em c-kit e translocação t(8;21), e NB4-R2, portadora da translocação t(15;17), apresentam maior sensibilidade à cefalocromina quando comparadas às células OCI-AML3, portadora de mutação em DNMT3A.
ConclusãoEm resumo, nossos dados evidenciaram um perfil citotóxico da cefalocromina em modelos celulares de leucemia mieloide aguda, mostrando-se um possível futuro agente para aumentar o arsenal antileucêmico. Futuros estudos da cefalocromina em combinação com outros agentes são de interesse.
FinanciamentoCNPq, CAPES e FAPESP.