HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA transfusão de hemocomponentes é intervenção de alta complexidade, amplamente utilizada no ambiente hospitalar. Apesar de sua relevância clínica, envolve riscos como transmissão de agentes infecciosos e reações imunológicas, exigindo indicação criteriosa e monitoramento rigoroso. A segurança transfusional depende de protocolos bem definidos e atuação multiprofissional integrada, sendo responsabilidade da enfermagem o acompanhamento e registro do procedimento.
ObjetivosAnalisar a atuação da equipe de enfermagem na segurança transfusional e na identificação de boas práticas.
Material e métodosEstudo unicêntrico, observacional e retrospectivo, realizado em hospital universitário. Analisados registros transfusionais de pacientes adultos internados, por amostragem aleatória, com foco em dados do paciente e aspectos da prática transfusional: prescrição médica, tipo de hemocomponente, dupla checagem, horários de início e término, sinais vitais e registro de intercorrências.
ResultadosForam avaliados 50 registros, idade mediana 52 anos e 60% do sexo masculino. O CTI concentrou 38% das transfusões, seguido por Hematologia (26%) e Clínica Médica (10%). O concentrado de hemácias foi o hemocomponente mais utilizado (75%). Não evidenciado prescrição médica em 19%, falta de dupla checagem em 74% e ausência de etiquetas ou número de identificação das bolsas em 69%. O horário de início e término foi registrado somente em 62%, com 5% das transfusões ocorreram fora do tempo recomendado. Apenas 21% dos registros apresentaram dados completos sobre o processo transfusional. Em relação as reações, 3% relataram sintomas compatíveis, 7% indicaram ausência de reação e 90% não apresentaram tal informação.
Discussão e conclusãoO estudo evidenciou falhas frequentes e relevantes na execução e no registro de etapas críticas do processo transfusional. Esse perfil vai ao encontro da literatura sobre transfusão em pacientes críticos e onco-hematológicos. O uso predominante de concentrado de hemácias (75%) também está em linha com dados do Ministério da Saúde. Contudo, a transfusão sem prescrição médica (19%) compromete a rastreabilidade e contraria normas nacionais. A ausência de dupla checagem em 74% dos casos, aumenta o risco de erros graves como a administração de hemocomponentes incompatíveis e a falha no registro de horários em 38% dos formulários compromete o controle da duração da infusão. A ausência de número do hemocomponente em 69% dos registros prejudica a rastreabilidade e a investigação de eventos adversos. Apenas 21% dos registros incluíam informações completas, como local de punção e tipo de dispositivo. Quanto às reações transfusionais, foram relatadas em 3%, porém esse dado não foi citado em 90% dos casos, indicando possível subnotificação. A enfermagem desempenha papel estratégico na segurança do ato transfusional, por meio de práticas clínicas adequadas e registro sistemático. Auditorias devem ser realizadas e analisadas criticamente nos Hospitais para mapeamento dessa dessa atuação e criação de possibilidades de melhora no processo. As falhas identificadas evidenciam tal importância por aumentarem o risco de eventos adversos e apontam a necessidade de capacitação contínua, com foco no cumprimento rigoroso das normas e conscientização sobre a importância na segurança transfusional.




