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Vol. 42. Issue S2.
Pages 27-28 (November 2020)
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ÚLCERAS DE CAMERON COMO CAUSA DE ANEMIA FERROPRIVA: RELATO DE CASO
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E.J.W. Franco, B.J. Pereira, C. Nishe
Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha, São Paulo, SP, Brasil
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Introdução: Úlceras de Cameron são lesões da mucosa gástrica em pacientes portadores de hérnia hiatal e são causa de sangramento do trato gastrointestinal com consequente deficiência de ferro. Objetivo: Relatar um caso de úlceras de Cameron com manifestação de anemia ferropriva grave e revisão bibliográfica formal sobre o tema. Relato do caso: Paciente de 36 anos, masculino, com queixa crônica de dispneia associado a vertigem aos esforços. Negava outros sintomas. Negava comorbidades prévias, medicações de uso contínuo ou vícios. Exame clínico apresentava-se hipocorado e taquicárdico, sem outras alterações. Exames laboratoriais: Hb: 4,1g/dL, Ht:15,1%, VCM 56,6 fL, HCM 15,4pg, RDW 24,3%. TIBIC 473 mcg/dL, Ist 4%, Fe sérico 15cmg/dL, ferritina 2ng/mL, transferrina 384mg/dL. Paciente interna para controle da anemia e investigação etiológica. Na endoscopia digestiva alta, constatou hérnia de hiato por deslizamento de moderada/grande proporção, com úlceras gástricas de Cameron, com fibrina sem sinais de sangramento ativo. Discussão: Úlceras de Cameron foram relatadas pela primeira vez 1986, em um estudo prospectivo que evidenciou relação entre deficiência de ferro e lesões em mucosa gástrica associadas a hérnia de hiatos volumosas. No exame endoscópico, as úlceras de Cameron se manifestam como lesões lineares, fibróticas, únicas ou múltiplas, com bordas eritematosas na altura da compressão diafragmática. A doença é mais frequente no sexo feminino, idade média de 67 anos. O tamanho da hérnia possui correlação com anemia ferropriva. A fisiopatologia ainda não é completamente compreendida, com etiologia multifatorial. A principal hipótese seria que são lesões secundárias ao trauma mecânico causadas pela contração muscular do diafragma. A apresentação clínica é variada; a maioria dos casos se apresentam da forma de anemia, seguido de sangramento do trato gastrointestinal alto. O tratamento das úlceras de Cameron pode ser tanto clínico como cirúrgico e a escolha dever ser personalizada. O tratamento clínico se baseia principalmente em uso de inibidor do bomba de prótons associado a suplementação de ferro. O tratamento cirúrgico de correção da hérnia está indicado principalmente em casos de complicações anatômicas locais ou refratário ao tratamento clínico. Conclusões: Úlceras de Cameron, frequentemente são diagnosticadas em estágios avançados da doença. Sendo que 69% dos casos, no momento do diagnóstico, já realizaram pelo menos duas endoscopias digestivas altas. Dessa maneira, lesões de Cameron devem ser considerados como uma das possíveis causas de anemia ferropriva, a fim de um diagnóstico mais precoce.

Referências

1. Kapadia S, Jagroop S, Kumar A. Cameron ulcers: an atypical source for a massive upper gastrointestinal bleed. World J Gastroenterol. 2012;18:4959. 2. Zullo A, Manta R, De Francesco V, Fiorini G, Lahner E, Vaira D, et al. Cameron lesions: A still overlooked diagnosis. Case report and systematic review of literature. Clin Res Hepatol Gastroenterol. 2018;42:604. 3. Weston AP Hiatal hernia with cameron ulcers and erosions. Gastrointest Endosc Clin N Am. 1996;6:671. 4. Cameron AJ, Higgins JA. Linear gastric erosion. A lesion associated with large diaphragmatic hernia and chronic blood loss anemia. Gastroenterology, 1986;91:338-342.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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