Objetivos: Relatar a experiência com a introdução de um instrumento simples e acessível à comunidade de doadores, contendo os principais critérios de inaptidão clínica, chamado checklist do doador. Materiais e Métodos: O checklist foi criado pela equipe de triagem clínica do Hemocentro Regional de Londrina em questionário Google Forms e disponibilizado aos candidatos a doadores por meio de QRCode afixado na área externa do edifício e nas mídias sociais de nosso Hemocentro, a partir de 27/03/2020. O instrumento contém 9 itens: 1) Condições de saúde, estado geral e peso, 2) Sintomas gripais ou contato com sintomáticos nos últimos 15 dias, 3) Procedimentos invasivos nos últimos 12 a 6 meses, 4) Uso de bebida alcoólica, 5) Vacinação, 6) Viagem para zonas endêmicas, 7) Contato sexual suspeito, 8) Procedimento dentário, transfusão e uso de drogas ilícitas, e 9) Uso de medicação. Foi realizada uma análise comparativa entre a frequência e as causas de inaptidão clínica em candidatos a doador que passaram por triagem clínica no período de 30 dias após a introdução do checklist, em 2020, e o mesmo período do ano de 2019 (controle). A análise estatística foi feita pelo teste do qui-quadrado com p<0,05. Resultados: Foram obtidas 671 respostas ao questionário, com um total de 125 (18%) respostas com algum impedimento clínico. A taxa de inaptidão clínica na triagem formal, após a introdução do checklist, foi de 19,8%, não diferente do período controle (17,2%). Em comparação com o período controle, foi observado que, nos 30 dias após introdução do checklist, houve redução significativa na frequência de inaptidão clínica por critérios como: idade do doador, peso do doador, intervenção cirúrgica recente, uso excessivo de bebida alcoólica e patologias de inaptidão definitiva (cardíacas), contato sexual de risco e contato sexual com parceiros não-fixos. No período controle de 2019, as 5 causas mais comuns de inaptidão eram anemia (29%), peso inferior a 50kg, intervenção cirúrgica de pequeno ou grande porte, exclusão médica e uso de medicação. Após introdução do checklist, tornaram-se anemia (46%), intervenção cirúrgica de pequeno ou grande porte, exclusão médica, uso de medicação e pressão arterial anormal. O descarte de bolsas por positividade no voto de autoexclusão também diminuiu após introdução do checklist. Discussão: A criação e adoção do checklist foi uma medida proposta durante a pandemia de COVID-19 para prevenir aglomeração de candidatos à doação no interior do Hemocentro, visto que possibilitou dispensar candidatos antes mesmo de adentrar o prédio, ou em alguns casos, evitou o deslocamento ao nosso serviço devido acesso ao checklist através das midias sociais, caso algum critério de inaptidão fosse identificado pelo instrumento. Após a disponibilização do checklist, não houve mudança significativa na frequência de inaptidão clínica em relação ao controle, mas ocorreu mudança quanto às causas de inaptidão clínica, mostrando potencial utilidade para ajudar a aumentar a eficiência e reduzir custos do processo de triagem clínica de candidatos a doador. Conclusão: A introdução do checklist do doador é um instrumento simples e barato com potencial de redução da frequência de algumas causas de inaptidão clínica, fornecendo a possibilidade de uso mais eficiente dos recursos nos serviços de hemoterapia.
Palavras-chaves: Doação de sangue; Checklist; Instrumento; Hemocentro.