Objetivo: Em julho de 2018, foi implantado o Guia Transfusional do Hospital Universitário de Londrina (HU-UEL), uma ferramenta para promoção do uso mais racional de hemocomponentes, recursos humanos e financeiros envolvidos no processo de transfusão sanguínea nesse hospital que é atendido pelo Hemocentro Regional de Londrina/PR. Um dos anexos do guia traz uma tabela com a quantidade de hemocomponentes que devem ser solicitados como reserva cirúrgica, com base em dados das cirurgias realizadas no HU-UEL. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência com a implantação do Guia Transfusional e avaliar o uso de hemocomponentes como reserva cirúrgica, antes e após sua implantação. Material e métodos: Foram analisadas 332 requisições de reserva cirúrgica nos períodos de março a junho de 2018 (4 meses antes) e de julho a outubro de 2018 (4 meses após a implantação do Guia). Os dados foram digitados um formulário do Google e analisados na planilha correspondente. Foi feita a comparação da quantidade e do tipo de componentes solicitados como reserva, e se o pedido estava de acordo com a recomendação do Guia, nos períodos antes e após a implantação. Resultados: No total, foram revistas 332 requisições de reservas cirúrgicas. No período de 4 meses antes do Guia, foram encontradas 73 requisições de reserva, das quais nenhuma estava de acordo com as recomendações do Guia. No período de 4 meses após a implantação do Guia, foram encontradas 259 requisições de reservas cirúrgicas, das quais apenas 3% estavam em conformidade com o Guia, sendo que 82% não tinham justificativa escrita. O hemocomponente mais solicitado foi o concentrado de hemácias e, em média, eram solicitadas duas unidades por requisição, antes e após a implementação. Discussão: Houve um aumento de mais de 3 vezes no número de requisições de reservas cirúrgicas após a implantação do Guia Transfusional, o que pode se dever à forma de preenchimento das requisições, que antes da publicação desse documento não tinha nenhum padrão. Porém, a falta de padrão de preenchimento das requisições antes do Guia dificulta a análise. Além disso, a imensa maioria das requisições continuou destoando das recomendações do Guia, o que mostra a necessidade de educação continuada da equipe. Conclusão: Mesmo após a adoção do Guia Transfusional, a rotina de requisição de reservas cirúrgicas ainda está longe do ideal, e novas ações precisam ser consideradas para otimização desse processo.
Palavras-chave: Guia transfusional; Reserva cirúrgica; Hemocentro.