Journal Information
Vol. 44. Issue S2.
Pages S625-S626 (October 2022)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 44. Issue S2.
Pages S625-S626 (October 2022)
Open Access
MANIFESTAÇÕES EXTRAMEDULARES DA LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA AGUDA: RELATO DE CASO
Visits
405
LV Carmona, MZ Carvalho, CL Cruz, VAQ Mauad, DMM Borducchi
Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Santo André, SP, Brasil
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
Special issue
This article is part of special issue:
Vol. 44. Issue S2
More info
Introdução

A Leucemia Promielocítica Aguda (LPA) é o subtipo de leucemia definida por alterações cromossômicas no lócus gênico do Receptor Alfa do Ácido Retinóico (RARα), geralmente por translocação entre os cromossomos 5 e 17, que resulta na fusão dos genes PML e RARA e consequente bloqueio da diferenciação mielóide. O Sarcoma Granulocítico (SG) é um tumor sólido extramedular composto por mieloblastos, que pode preceder ou ser concomitante à Leucemia Mieloide Aguda (LMA). Quando presente, é considerado marcador de mau prognóstico. Entretanto, essa relação é menos clara quando se trata da associação do SG com a LPA, pois a manifestação é pouco frequente. O presente relato tem como intuito descrever uma série de dois casos de sarcoma granulocítico como manifestação da LPA e debater as particularidades diagnósticas e consequências dessa associação. Caso 1: Paciente feminina, 20 anos, com quadro de dor abdominal aguda, tomografia com espessamento das paredes intestinais e antecedente pessoal de LPA na infância, tratado com protocolo italiano AEIOP em 2016. Hemograma evidenciou anemia, leucocitose e plaquetopenia. Estudo de medula demonstrou 91% de blastos com cromatina frouxa, núcleo em halteres e intensa granulação. Imunofenotipagem demonstrou células positivas para CD45, CD13, CD64, CD33, MPO, CD38, CD123 parcial e CD9, mas negativas para CD11b, CD34, HLA-DR, CD117 e CD71. Cariótipo 46 XX t(15;17)(q24;q21) em 5 das 20 metáfases analisadas. Diante do quadro altamente sugestivo de LPA, foi iniciado Ácido All Transretinóico (ATRA), que resultou em melhora gradual da leucocitose e dos sintomas intestinais, com desaparecimento da imagem abdominal. Foi iniciado protocolo AIDA e paciente segue em tratamento ambulatorial. Caso 2: Paciente feminina, 43 anos, com quadro de dor lombar e sacroilíaca. Lesões líticas difusas nos ossos, evidenciadas em ressonância nuclear magnética. Biópsia da lesão em ilíaco direito revelou infiltração com 100% de células anômalas mielóides. Estudo da medula demonstrou 5,5% de células mieloides anômalas, CD34 negativo, CD13, CD33, MPO, CD117 positivos e HLA-DR parcial. Durante investigação, paciente apresentou leucocitose, com imunofenotipagem de sangue periférico revelando 30% de células CD34 positivas. Frente ao quadro e à morfologia das células, foi optado por iniciar ATRA e coletar exames para confirmação de LPA. As lesões tiveram regressão significativa com tretinoína e os exames citogenéticos foram negativos para LPA. Ainda assim, foi optado por manter protocolo PETHEMA 2017 de alto risco, com PET-CT negativo após consolidação III. Atualmente, foi concluído o primeiro ano de manutenção, sem atividade de doença.

Discussão

Em ambos os relatos observamos a LPA associada às manifestações mieloproliferativas extramedulares, manifestações mais raras da doença. A apresentação atípica da LPA nos casos dificultou o diagnóstico, o que nos fez relatá-los à comunidade com o intuito de dividir nossas experiências e alertar para o diagnóstico diferencial. Interessantemente, a pesquisa citogenética do segundo caso retornou negativa para PML-RARA, mas a resposta ao protocolo direcionado foi excelente. O resultado negativo é potencialmente justificado pela coleta por FISH ter sido realizada dias após o início da terapia com tretinoína, sendo que estudos da década de 90 demonstraram capacidade do ATRA em induzir, isoladamente, remissão da doença.

Full text is only aviable in PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Article options
Tools