Introdução: Após a introdução de terapia antiretroviral (TARV), a incidência de linfoma não-Hodgkin (LNH) em pacientes infectados com vírus da imunodeficiência humana (HIV) tem reduzido. Em geral, os LNH que ocorrem nestes pacientes têm comportamento agressivo. Os subtipos histológicos mais comuns são os oriundos de células B (Burkitt, centroblástico, plasmablástico), mas muitos casos de LNH de células T já foram descritos. Objetivo: Descrever um caso de paciente com diagnóstico de LNH de grandes células anaplásico ALK (do inglês Anaplastic Lymphoma Kinase gene) negativo em paciente soropositivo para HIV. Relato de caso: Paciente masculino, de 45 anos, previamente diagnosticado com HIV e história de tratamento de tuberculose disseminada, procurou a emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre por dor torácica ventilatório-dependente, febre, dispneia progressiva e adenomegalias cervicais e retroauriculares, de evolução há 1 mês. Apresentava exames externos com derrame pleural e pericárdico. Estava em tratamento irregular para HIV, mas com bom status imunológico (CD4 da admissão 642). No dia da internação, realizou hemograma, que demonstrava apenas anemia leve normocítica e normocrômica e desidrogenase láctica (LDH) de 801. Radiografia de tórax evidenciou derrame pleural à direita e ecografia abdominal normal. Realizada então toracocentese diagnóstica, com citológico do líquido pleural apresentando características de exsudato, adenosina desaminase (ADA) discretamente aumentado e bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) negativo. Citológico do derrame pleural demonstrando células atípicas sugestivas de linfoma. Então, paciente realizou tomografia computadorizada (TC) de tórax, que mostrou espessamento pleural, linfonodomegalias mediastinais e massa mediastinal com densidade de partes moles, não mensurada. Procedeu-se então à biópsia pleural. Exame anatomopatológico (AP) de pleura demonstrou infiltração crônica apenas. Permaneceu internado para tratamento de actinomicose (demonstrado no exame bacteriológico de líquido pleural) e, após, realizou biópsia mediastinal, em que o AP e exame de imunohistoquímica (IHQ) diagnosticaram LNH anaplásico de grandes células ALK negativo (CD3+, CD30+ forte, Ki67+ alto índice 95%, CD5+, CD2+). Iniciou então quimioterapia, hoje em resposta completa. Linfoma anaplásico de grandes células (LAGC) é um subtipo distinto de linfoma periférico de células T caracterizado pela expressão de CD30 nas células do linfoma. Os rearranjos no gene ALK são vistos em 30% dos LAGC. Linfomas de células T ALK-positivos (ALK+) correspondem a 3% dos linfomas de pacientes com HIV. Já o LAGC ALK-negativo (ALK-), que não expressa a proteína ALK, não possui nenhum fator de risco identificado. LAGC associado ao HIV se apresenta predominantemente em homens jovens com contagem baixa de CD4 e alta carga viral. Este caso ilustra a gama variável de linfomas encontrados em pacientes HIV+, principalmente após a instituição da TARV. Infecções oportunistas, como tuberculose e actinomicose, também entram no diagnóstico diferencial desta condição neoplásica, podendo apresentar-se com lesão mediastinal e derrame pleural e, inclusive, como apresentação concomitante. O adequado diagnóstico das duas condições possibilitou o desfecho favorável neste caso.
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