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Vol. 42. Issue S2.
Pages 125-126 (November 2020)
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LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA COM RESISTÊNCIA AO TRATAMENTO DE PRIMEIRA ESCOLHA
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L.M. Alvim, G.Z.F. Menezes, T.M.Q. Alves, M.G. Cliquet
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo, SP, Brasil
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Introdução: A Leucemia Mielóide Crônica (LMC) é uma doença mieloproliferativa crônica clonal, com presença do cromossomo philadelphia (Ph) resultante da translocação dos braços longos dos cromossomos 9q34 e 22q11. Essa translocação gera uma proteína híbrida denominada P210 ou BCR-ABL. Tal proteína é uma enzima com atividade tirosina-quinase que gera a hiperproliferação medular e consequente leucocitose. O quadro clínico da LMC apresenta heterogeneidade de sintomas. A evolução da LMC contempla, três fases: crônica, acelerada e crise blástica (CB). A LMC apresenta como primeira opção terapêutica no Brasil, o Mesilato de Imatinibe (MI) com dose preconizada de 400 mg/dia. O MI tem efeito inibitório sobre a tirosina quinase BCR-ABL, dessa forma tem uma ação antiproliferativa em linhagens celulares que expressam a proteína ativada e levam à morte celular por apoptose. Os mecanismos mais comuns de resistência ao MI são de ordem primária, relacionados ao processo de ingestão, absorção e metabolização, e secundária a mutações no domínio tirosino quinase BCR-ABL. Estas mutações podem ser classificadas em levemente resistentes (M244V, M351T e F359V) e altamente resistentes (T315I, E255K/V ou H396P/R). Em casos de mutações levemente resistentes pode se considerar como estratégia o aumento da dose de MI ou o uso de inibidores de tirosino quinases de segunda geração (TKI-tyrosine kinase inhibitor). Relato do caso: Paciente do sexo masculino, com 44 anos, motorista de caminhão, apresentava em setembro de 2017, intensa leucocitose (560.000/mm3), plaquetose (620.000/mm3) e esplenomegalia volumosa de cerca de 15 cm abaixo do rebordo costal esquerdo. Cariótipo mostrou 100% de metáfases com cromossoma Philadelphia, sendo diagnosticada Leucemia Mielóide Crônica de alto risco pelos escores de Hasford e Sokal. Recebeu inicialmente 1 a 2,5 gramas de Hydroxiureia com redução da leucocitose, da plaquetose e do volume esplênico. Chegou ao nosso serviço em janeiro de 2018 sendo então iniciado tratamento com imatinibe na dose de 400 mg/dia (30/01/2018). O paciente foi orientado sobre a importância do uso adequado do medicamento, havendo preocupação quanto à adesão pelo fato de ser motorista de caminhão e viajar por longos períodos. Houve boa tolerância ao tratamento com apenas cãibras e um pouco de náuseas, mas que não atrapalharam o tratamento. Apresentou resposta hematológica completa após um mês de tratamento, bem como normalização do tamanho do baço, não sendo mais percutível ou palpável neste momento. Realizado BCR/ABL após cerca de 4 meses do início do tratamento (15/05/2018) com presença de 94% de transcritos do BCR/ABL, sendo considerada falha de resposta já que o paciente garantia que não havia falhado na tomada do imatinibe. Por ser um paciente de alto risco e pela ausência de resposta satisfatória, foi decidido não esperar até 6 meses e trocou-se o imatinibe por nilotinibe na dose de 400 mg de 12/12 horas (26/06/2018). Realizado BCR/ABL em 27/03/2019 (10 meses) com 0,08% de transcritos e, portanto, resposta molecular entre 3,0 e 3,5 log. atualmente com 24 meses apresenta resposta de 4 log com 0,01% de BCR/ABL. Paciente apresentou resistência primária, sendo uma das causas possiveis, a presença de mutação do domínio BCR/ABL. Não foi possivel a pesquisa de mutações, mas pela resposta obtida, se havia alguma mutação, esta era sensível ao Nilotinibe. Considerou-se que o paciente apresentou uma ótima resposta e caminha para uma resposta molecular 4,5.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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