Dentre as intercorrências gestacionais, destacam-se as anemias carenciais e infecções do trato urinário (ITUs). Pois, estão relacionadas ao aumento da morbimortalidade e complicações clínicas materno-fetal, tais como aborto, precocidade do parto, baixo peso neonatal, além do risco elevado de infecção neonatal. O estudo visa investigar as condições de anemia e ITUs, bem como as administrações de suplementação nutricional e antibioticoterapia em gestantes atendidas em Unidades Básicas de Saúde em Juarez Távora/PB.

É uma pesquisa transversal, descritiva-exploratória, retrospectiva e documental com abordagem quantitativa. Avaliou-se prontuários de 74 gestantes, com idades entre 18 a 45 anos atendidas regularmente nas Unidades Básicas de Saúde: PSF I Maria da Glória Araújo de Oliveira e PSF III Vila Cabral em Juarez Távora/PB, de janeiro de 2018 a maio de 2019. Foram analisados os seguintes dados: idade, número do prontuário, data da última menstruação (DUM), data provável do parto (DPP), concentração de hemoglobina, suplementação com micronutrientes, sumário de urina, urocultura e antimicrobianos utilizados. Os dados obtidos foram selecionados e transferidos em planilha Microsoft Office Excel® 2013 e editados em Microsoft Word 2013. Foram calculados e expressos pela estatística descritiva em frequências absoluta e relativa (%) e apresentados em tabelas e gráficos. Os critérios de inclusão foram: Mulheres gestantes regularmente acompanhadas nas referidas Unidades Básicas de Saúde e Idade ≥ 18 anos até ≤ 45 anos. Os critérios de exclusão foram: Idade < 18 anos até > 45 anos; Possuir diagnóstico prévio de transtorno hematológico; Portar hipertireoidismo, hipotireoidismo ou tireoidite de Hashimoto; Ter diagnóstico de neoplasia maligna prévia e /ou durante a gestação; Ter realizado transfusão de sangue e doação de sangue nos últimos 120 dias ao diagnóstico gestacional; Apresentar exames sorológicos positivos para HIV1/HIV2. Os dados foram obtidos, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa CAAE 20992619.8.0000.5187.

O número de gestantes foi mais expressivo na faixa etária de 18-27 anos, com 45 mulheres (60,8%). Além disso, 38 (51,4%) grávidas fizeram a sua primeira consulta pré-natal no primeiro trimestre gestacional. Entre as intercorrências gestacionais analisadas, observou-se que 30 delas (40,5%) tinham anemia. Oportunamente, na suplementação com micronutrientes, o ácido fólico ou sulfato ferroso foi usado em 21 (28,3%) gestantes anêmicas e em 38 (86,3%) gestantes não anêmicas. Particularmente, no grupo das gestantes anêmicas o ácido fólico isolado foi utilizado por 21 gestantes enquanto que 20 gestantes utilizaram o sulfato ferroso. As ITUs foram analisadas a partir do sumário de urina e confirmadas com a urocultura. Dentre as 74 gestantes, 35 delas (47,3%) fizeram o sumário de urina, dentre estas 32 gestantes (43,2%) foram positivas para ITUs. A Escherichia coli esteve presente em 25 casos (78,1%) das culturas analisadas. A cefalexina foi prescrita para 25 gestantes dos 33 casos tratados de ITUs. Houve relação simultânea entre infecção do trato urinário e anemia com frequência de 25,7% de gestantes.

Portanto, são necessárias as implementações de medidas de saúde pública visando prevenções e/ou manejos clínicos adequados das intercorrências gestacionais.