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Vol. 42. Issue S2.
Pages 123-124 (November 2020)
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HEPATOTOXICIDADE RELACIONADA AO IMATINIBE: RELATO DE CASO
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P.L. Filgueiras, N.D.S. Lemos, F.F. Borges
Hospital do Servidor Público Estadual (IAMSPE), São Paulo, SP, Brasil
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Introdução: Leucemia Mieloide Crônica (LMC) é uma neoplasia mieloproliferativa associada à presença do cromossomo Filadélfia t(9,22). O Imatinibe foi uma das primeiras drogas antineoplásicas direcionada a uma anormalidade molecular e é a droga de primeira linha para tratamento da LMC. Caso clínico: Paciente do sexo feminino, 42 anos, com diagnóstico de LMC BCR-ABL positivo que iniciou quadro de fadiga, astenia, dor abdominal, náuseas e vômitos após cinco meses do início do tratamento com Imatinibe. À admissão hospitalar encontrava-se ictérica, porém sem sinais de hepatopatia crônica ou evidências de encefalopatia hepática. Exames laboratoriais revelavam bilirrubina total 2,84 mg/dL; ALT 2.155 U/L; AST 1.040 U/L; fosfatase alcalina 190 U/L e gama GT 889 U/L. Sorologias para hepatites A, B e C eram não reagentes, assim como para citomegalovirose, toxoplasmose, vírus Epstein Barr e HIV. Auto-anticorpos específicos negativos. Ultrassonografia de abdome sem anormalidades. Optado pela suspensão da medicação e introdução de Prednisona 40 mg/dia, com melhora clínica e laboratorial em duas semanas, o que possibilitou reintrodução da medicação e desmame progressivo do corticoide. Discussão: Elevações nos níveis de transaminases são comuns durante o tratamento, porém aumento de ALT maior que cinco vezes o limite superior de normalidade ocorre em menos de 5% dos pacientes. Três formas de lesão hepática aguda são associadas à terapia com Imatinibe: elevações de enzimas séricas transitórias e assintomáticas; hepatite aguda clinicamente aparente e reativação de hepatite B crônica subjacente. O padrão laboratorial de elevação enzimática é tipicamente hepatocelular, embora também sejam relatadas formas colestáticas e mistas, como no caso relatado. Estudos relataram reversibilidade da disfunção hepática com a suspensão da medicação. Imatinibe pode então ser reiniciado em dose mais baixa com monitorização cuidadosa das enzimas hepáticas. A recorrência da lesão é comum com a reexposição, entretanto, relatos de casos tem apontado a eficácia do uso da prednisona em associação com o Imatinibe para atenuar ou prevenir a recorrência da lesão hepática, de modo a permitir a continuidade da terapia a longo prazo. Conclusão: Imatinibe pode causar lesão hepática induzida por fármaco por mecanismos ainda não bem compreendidos. Logo, diante de um paciente que evolui com hepatite aguda faz-se necessário a suspeição clínica e a descontinuação da medicação. É promissor o uso de corticoides para reversão da hepatotoxicidade e reintrodução do tratamento.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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