Analisar a frequência dos antígenos eritrocitários em doadores de sangue doHemocentro Regional de Santa Maria (HEMOSM), em Santa Maria-RS, e o número dedoadores que possuem fenótipo Duffy a(-) e b(-).

Trata-se de umestudo observacional retrospectivo realizado pela coleta de dados dos arquivos doLaboratório de Imunohematologia do HEMOSM referente ao período dezembro de 2018 atéjunho de 2021.

No período foi realizada a fenotipagem de 400 doadores, asseguintes percentagens de presença do antígeno: P1 (79%), Lea (3%), Leb (73%), Lua (8%), Lub (99%), k (100%), Kpa (2%), Kpb (100%), Jka (77%), Jkb (72%), M (81%), N (68%), S (53%), s (88%), Fya (54%) e Fyb (75%). Em 6% (n = 24) dos doadores foiencontrada a ausência simultânea dos antígenos a e b do Sistema Duffy – Fy(a-b-).

Atualmente, mais de 300 antígenos eritrocitários já foram descobertos,sendo classificados em sistemas de grupos sanguíneos. Adquiridos através da herançagenética, a presença ou ausência de antígenos eritrocitários é considerado parâmetroessencial na busca por configurações antigênicas que não sejam capazes de sensibilizaros receptores, ou seja, induzir a aloimunização, situação que pode acontecer inclusive emcasos de provas cruzadas compatíveis. Por mais que exista uma ampla variabilidadegenética, alguns fenótipos ou determinados antígenos eritrocitários e suas combinaçõespodem ser mais difíceis de serem encontrados na população, logo, demonstrando-se assimcomo fenótipos raros. A ausência simultânea dos antígenos Fya e Fyb possui baixaprevalência em caucasianos e alta prevalência na raça negra. A população de Santa Maria (RS, Brasil), conforme dados estatísticos do ano de 2010 contabilizava cerca de 5% de suapopulação da raça negra.

A prevalência do fenótipo Duffy nesse estudoencontra-se dentro dos dados descritos na literatura. Apesar da legislação brasileira nãoexigir a realização da pesquisa de todos os antígenos eritrocitários citados neste estudo,esta prática é fundamental para o conhecimento da prevalência fenotípica dos habitantesda região que pode vir a facilitar o encontro de um doador compatível. Sendo assim, autilização de hemocomponentes fenotipados tende a reduzir o risco de aloimunizações ereações transfusionais. Estudos de prevalência de fenótipos eritrocitários podem a longoprazo induzir a geração de um sistema operacional a nível nacional onde possa ocorrer acompilação de dados de doadores fenotipados no Brasil.