O processo de doação de plaquetas por aférese (PLF) ou de plasma convalescente (PC) pode gerar reações adversas (RA) durante ou após o procedimento. Pela experiência negativa, as reações podem impedir que indivíduos se tornem doadores frequentes. Assim, é importante detectar as RA mais frequentes. Usualmente, se consegue esses dados através da observação antes da liberação pós-doação. Outra possibilidade seria a busca ativa, contatando os doadores pós-procedimento. O estudo objetivou comparar as RA entre doadores de PC (busca ativa) e PLF (observação) no Hemocentro de Goiás (HEMOGO).

Estudo observacional, prospectivo, sem intervenção realizado no HEMOGO. Foram avaliados 184 PFL de 23/04/2020 a 11/11/2020 e 61 PC entre 30/06/2020 a 11/09/2020. Dados demográficos foram coletados dos prontuários e analisados quanto à distribuição de sexo e idade.

Foram realizadas 184 PLF e 61 de PC. Para a PLF, 5 RA foram relatadas em indivíduos do sexo feminino, com 80% delas entre 18 a 30 anos. A reação mais comum nesse grupo foi lipotimia. Nenhum doador do sexo masculino reportou RA. Quanto à doação do PC, 14 homens relataram RA na busca ativa. A maioria tinha 31 a 40 anos e a maior parte das queixas foi dor/hematoma no local da punção e fraqueza. Ademais, 8 mulheres relataram reações, com 62,5% entre 18 e 30 anos. Grande parte delas reportou formigamento/hematoma no local da punção e sensação de rubor. A análise estatística mostrou que para PLF o sexo influencia nas RA e a idade não tem influência nesses eventos. Ainda, para PC, as RA não se correlacionaram com o sexo, mas tiveram correlação com a idade.

RA em aférese são esperadas devido ao tempo de procedimento mais longo, ao volume extracorpóreo ou alterações de fluidos. No estudo observamos um maior número de RA relatadas em doadores de PC em comparação aos de PLF. Outros estudos comparativos também observaram um aumento significativo no número de RA relatadas quando se realiza a busca ativa por RA. Houve diferenças quanto ao tipo de RA experimentada pelos doadores. Enquanto os doadores de PFL relataram sintomas sistêmicos, os de PC relataram sintomas locais. Isso pode estar relacionado ao próprio processo de doação, uma vez que reações vasovagais foram as RA imediatas mais comumente observadas após a doação. Estudos que avaliaram RA reportadas após busca ativa também observaram maior número de sintomas locais como hematoma e dor local. Na análise demográfica, sexo e idade influenciaram nas queixas reportadas por doadores de PFL e PC, respectivamente. Alguns estudos reportam que o sexo feminino e doadores mais jovens reportam mais RA, independente do tipo de doação. Porém devido a critérios de exclusão para doação, havia menos doadores de PC do sexo feminino, o que pode ter uma correlação negativa entre o sexo feminino e RA em PFL.

As RA dos doadores de PC e PLF constituem um parâmetro significativo para a avaliação das repercussões desses procedimentos, tendo idade e sexo dos doadores como possíveis fatores preditores. Nesse estudo, a idade foi fator negativo para a RA pós doação de PC, enquanto o sexo foi fator negativo para as RA pós PLF. Destarte, a investigação desses eventos se torna necessária para o aperfeiçoamento da doação de PC e/ou de PLF, haja vista que, com a emergência da pandemia da COVID-19, essas técnicas tornaram-se importantes no cotidiano médico.