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Vol. 44. Issue S2.
Pages S14-S15 (October 2022)
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Vol. 44. Issue S2.
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DOENÇA POR CRIOAGLUTININAS COM RESPOSTA INICIAL A CORTICOTERAPIA E IMUNOGLOBULINA: RELATO DE CASO
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MS Urazakia, FR Dalarmib, R Saada,b, ACB Laurettoa,b, MIG Silvaa, SM Martinsa, MFL Castroa, AF Pedrãoa, AKH Teixeiraa
a Santa Casa de Misericórdia de Araçatuba (SCMA), Araçatuba, SP, Brasil
b Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium (UniSalesiano), Araçatuba, SP, Brasil
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Vol. 44. Issue S2
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Objetivos

Relatar um caso clínico de paciente diagnosticado com Doença por Crioaglutininas (CAD) e tratamento inicial.

Material e Métodos

Os dados foram obtidos de forma sistemática por meio de entrevista e revisão do prontuário.

Relato de caso

Homem de 60 anos, etilista, tabagista, buscou atendimento médico devido a episódios de calafrios, febre 38°C, fraqueza e palidez há 1 semana, coincidindo com queda de temperatura na cidade. Paciente apresentou-se ictérico, com hepatoesplenomegalia, anemia (Hb 5g/dL, Ht 16%, VCM 74fl) e pneumonia lobar. Solicitada transfusão de concentrado de hemáceas, com provas de compatibilidade alteradas: identificação de anticorpo irregular crioaglutinina (auto-anticorpos IgM) com titulação 1:2048, teste de antiglobulina direta (TAD) positivo 3+ e TAD monoespecífica IgG neg, IgM 4+, C3c 3+, C3d 4+. Exames de investigação: DHL>1.000U/L, haptoglobina<10 mg/dL, bilirrubina total 4,0 mg/dL, indireta 1,6 mg/dL, sorologias (HIV, VDRL, Mycoplasma pneumoniae, vírus Epstein-Barr, hepatites B e C) negativas, imunofixação sérica de proteínas com presença de banda monoclonal IgM kappa. Biópsia de Medula Óssea (BMO) hipercelular e com linfocitose, com imunohistoquímica favorecendo aspecto reacional, com presença de agregados linfoides de células B (CD20+), ocasionais linfócitos T (CD3+) e plasmócitos (CD138+) no interstício, ausência de malignidade no material analisado. Tomografia de tórax e abdomen sem alterações sugestivas de neoplasia.Realizou tratamento hospitalar com glicocorticoide (metilprednisolona 1 mg/kg por 9 dias), imunoglobulina (500 mg/kg/dia por 5 dias) e antibioticoterapia devido pneumonia, além de recomendação para evitar exposição ao frio. Recebeu alta com Hb 6,5 g/dL e prednisona 1 mg/kg/dia, com retorno ambulatorial após 15 dias, com nova Hb de 11,5 g/dL, iniciado desmame de corticoterapia e planejamento para início de rituximabe. Discussão: A CAD tem incidência de 0,5 a 1,9 casos por milhão de pessoas por ano, representa 15-30% das anemias hemolíticas autoimunes (AHAI). A CAD é definida como AHAI com TAD monoespecífico positivo fortemente para C3d e negativo ou fracamente positivo para IgG; e títulos de crioaglutinina igual ou maior que 64 em 4°C. A CAD deve ser distinguida da Síndrome do Anticorpo a Frio (CAS), causada por uma comorbidade subjacente, como infecção (Mycoplasma pneumoniae, Epstein–Barr), doenças linfoproliferativas, autoimunes ou neoplasia. Os pacientes com CAD possuem uma desordem linfoproliferativa clonal B detectável em BMO, mas sem evidência clínica ou radiológica de malignidade. A ligação de crioaglutininas na superfície dos eritrócitos resulta em aglutinação e induz à hemólise dependente do complemento através da ativação da via clássica. Pacientes assintomáticos podem ser acompanhados sem terapia medicamentosa, evitando exposição ao frio. Corticoterapia apresenta baixos índices de resposta na literatura. Plasmaférese e imunoglobulina podem ser consideradas em casos mais graves até início de terapia específica, direcionada à célula B clonal (rituximabe, bendamustina, fludarabina, bortezomibe) e inibidores do complemento (sutimlimabe, pegcetacoplan).

Conclusão

A CAD é rara, sendo necessário o diagnóstico apropriado com TAD monoespecífico, crioaglutininas e exclusão de doenças linfoproliferativas subjacentes. O tratamento deve ser individualizado, sendo mostrada resposta inicial à corticoterapia associada à imunoglobulina no presente caso, fato não observado rotineiramente na CAD.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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