: A Organização Mundial de Saúde (OMS) configura como ideal que 3 a 5% da população de um país seja doadora de sangue, sendo abaixo do recomendado no Brasil, o qual possui cerca 1,8% da população doadora. Dados demonstrados pelo Ministério da Saúde apontam que nos últimos anos a predominância etária de doadores é dos maiores de 29 anos, representando uma média de 59,09% do total entre as 5 regiões brasileiras. Diante disso torna-se necessária a investigação de fatores que podem influenciar populações jovens na realização da doação.

Estudar os fatores que influenciam a decisão de doar sangue em uma população de jovens estudantes do curso de medicina.

Trata-se de um estudo transversal realizado com estudante de medicina no ano de 2020. Um questionário foi elaborado a partir dos fatores que foram observados como relevantes na revisão bibliográfica e será preenchido via internet para a coleta dos dados. As variáveis numéricas são apresentadas como mediana e amplitude e as categóricas como frequência absoluta e relativa. O teste exato de Fisher foi utilizado para testar diferenças entre proporções com nível de significância de 5%.

Um total de 132 estudantes responderam o questionário, com mediana de idade de 22,5 anos. A maioria foi do gênero feminino 98 (74,2%); Um total de 99 (75%) eram praticantes de alguma religião e apenas 44 (33%) já haviam doado sangue. Na variável “Quais informações poderiam te incentivar a realizar doação? ”, 93 indivíduos (70,45%) afirmaram que poderiam se sentir mais incentivados a doar ao receberem informações sobre como a doação pode influenciar positivamente a situação dos que precisam e 39 participantes responderam seriam mais incentivados para doar a partir de informações sobre os processos da doação/ critérios que tornam uma pessoa apta a doar. Além disso perguntou-se se os participantes se sentiam motivados a realizar a doação atualmente, obtendo-se como resultado a resposta “sim”por 109 participantes (82,58%) e “não”por 23 participantes (17,42%). O subgrupo que não se sente motivado foi organizado em justificativa de cunho social, cultural e outros. Na análise multivariada, o gênero masculino teve um OR de 0,345 (p-0,031) e ser praticante de uma religião teve um OR de 3,093 (p = 0,023).

: O estudo demonstrou que ser do gênero feminino e praticante de religião podem ter uma influência positiva no ato da doação de sangue na população estudada. Houve uma limitação do estudo em relação a esses resultados devido a predominância do preenchimento dos formulários por pessoas do gênero feminino, indicando a necessidade de uma melhor abordagem entre a relação da doação de sangue e o gênero em próximos estudos. A partir dos resultados obtidos neste estudo, observa-se que ainda que a porcentagem de doadores de sangue entre os estudantes de Medicina ainda se encontra abaixo do esperado para o público. Isso demonstra a necessidade de uma abordagem mais direcionada para essa questão em estudos posteriores, a fim de identificar quais fatores fragilizam a relação da doação sanguínea com um grupo que possui grande conhecimento sobre o assunto.

Gênero feminino e religiosidade podem ser fatores que influenciam positivamente na doação de sangue entre os jovens. Maiores esforços devem ser feitos para estimular essa população a doar sangue, uma vez que a taxa de doadores ainda é baixa nesse grupo.