A expressão artística é inerente a própria constituição humana, configurando-se como um fenômeno que permeia vários momentos da vida de qualquer indivíduo. Ressalta-se que é um dos únicos recursos linguísticos em que uma expressão pode estar instantaneamente representando tanto a subjetividade quanto sentimentos, valores e as ideias individuais e coletivas. Essa característica da arte é oriunda de sua própria capacidade intrínseca de mobilização de emoções, estimulando o processo de criação e recriação, significação e ressignificação. Quando o adoecer provoca a transformação dos contextos de vida e seu consequente esvaziamento (Foxglove, 1999), seja por questões clínicas que limitam o cotidiano e/ou devido a dimensões psicossociais e espirituais, atividades artísticas revestem-se em um importante recurso de ajuda, por resgatar capacidades, instigando recursos de enfrentamento do adoecer. Este estudo objetiva apresentar o Programa Arte no Hospital, como processo integrado, planejado e sistematizado na rotina diária de trabalho das Unidades de Oncologia do Hospital Samaritano Higienópolis, em São Paulo. O Programa funciona desde fevereiro de 2015, às 2ªfeiras e às 5as feiras, das 09:00 às 16:00 horas e inclui a participação da equipe interprofissional. O desenvolvimento direto das ações está a cargo de um artista plástico e do Psicólogo de referência do setor. As atividades ocorrem nos leitos dos pacientes, nas diferentes Unidades e no Pronto Socorro Infantil. São voltadas a pacientes adultos e pediátricos, seus acompanhantes e equipes de saúde. Alternando as atividades desenvolvidas a cada visita, A Medula Mágica, Flores da Vida, Cartões do Bom Cuidado, Porta Retrato das Emoções, Marcadores do Meu Tratamento, Prendedor de Bons Desejos, seguimos um protocolo de atendimento psicológico que inclui indicadores e balizadores de prevenção de risco psicológico. Confirmamos que a utilização da arte é um recurso terapêutico em potencial, por seu caráter de linguagem e de expressão e por possibilitar a conexão com conotações ligadas a área afetivo-emocional, relacionadas ao sentido do adoecer. Nesse sentido, as atividades de arte revestem-se de caráter preventivo e de promoção da saúde mental. Constatamos que as atividades com finalidade terapêutica são um eficiente recurso complementar no cuidado ao paciente oncológico internado, favorecendo a comunicação e ampliação da consciência individual no processo de adoecer, possibilitando a realização de atividades com significado e propósito. Podemos também apontar a arte como uma tecnologia inovadora de cuidado se for organizada como uma atividade ao mesmo tempo integrada, planejada e sistematizada na rotina diária de trabalho em equipe ao facilitar a expressão de emoções, a comunicação interpessoal e a possibilidade de se focalizar aspectos saudáveis dos pacientes e familiares, melhorando portanto a qualidade de vida, ao possibilitar o alcance de um novo patamar de integridade, integração e inteireza.