O sangue é um tecido conjuntivo fluido, com funções vitais para todo o corpo, como transporte de nutrientes e gases respiratórios, defesa e coagulação. Não pode ser fabricado ou substituído. Portanto, quando há necessidade de reposição do tecido em pacientes, seja por perda, deficiência ou falha de produção, temos que lançar mão do sangue de doadores voluntários saudáveis.

Analisar os impactos e benefícios das campanhas realizadas no Hospital Estadual da Criança (HEC) na promoção da conscientização sobre a importância da doação de sangue, pela análise da sensibilização e fidelização da população alvo, especialmente dos moradores e/ou trabalhadores do entorno da instituição.

O estudo foi realizado com base em resultados das campanhas de doação de sangue realizadas no HEC em parceria com o Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio) no Estado do Rio de Janeiro, no período de 07 anos.

Durante o período de janeiro de 2016 a junho de 2022 foram realizadas 23 campanhas de coleta de sangue na unidade, em intervalos de 3 meses, com o cadastramento de 4.419 doadores voluntários, coletando 3.798 bolsas de sangue, com uma margem de inaptidão decrescente chegando a aproximadamente em 7% na última coleta em junho de 2022. Embora uma parte dos doadores voluntários tenha relações afetivas com os pacientes em tratamento, percebe-se pelos registros das coletas do HEC que a maioria dos doadores são moradores e/ou trabalhadores próximos ao HEC, localizado no bairro de Vila Valqueire, na cidade do Rio de Janeiro.

A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que entre 2% e 5% dos habitantes de cada país sejam doadores. Segundo o Ministério da Saúde 1,9% da população brasileira doa ativamente para hemocentros. Desta forma, há um déficit de bolsas de sangue nas unidades hospitalares, dificultando a realização de procedimentos cirúrgicos e tratamentos complexos. Ações contínuas de conscientização à população podem resultar em sensibilização e fidelização das pessoas, para se tornarem doadores costumazes de sangue. A coleta na unidade hospitalar de referência do doador facilita a presença dos que residem e/ou trabalham no entorno, melhorando os estoques de sangue. Acrescenta-se que boa parte desses doadores se engajou no projeto, compreendendo a importância de doar sangue continuamente, o que é demonstrado pelo retorno deles em coletas posteriores, no mesmo local.

Apesar do número de doadores no Brasil não atingir o ideal, campanhas sazonais e com calendário pré-definido nas unidades hospitalares promovem o envolvimento das pessoas pela causa e geram fidelização e reposição frequente de bolsas de sangue. A criação desses tipos de núcleos de doação de sangue em diversas localidades e bairros no Estado do Rio de Janeiro se torna um facilitador para a população que deseja doar sangue, porém não tem tempo ou disponibilidade para se locomover até os hemocentros.