
Todos os serviços de saúde foram impactados durante a pandemia de COVID-19, os serviços de hemoterapia, que dependem de doadores voluntários, sofreram com a necessidade de isolamento da população e pelo medo do contágio ao vir doar, também por doadores infectados e maior número de transfusões em pacientes com complicações da COVID-19. As outras patologias com necessidade de transfusão ainda existiam e os bancos de sangue tiveram que se reorganizar para buscar ativamente os doadores e atender as medidas necessárias para evitar o contágio, como não causar aglomerações, distanciamento entre as cadeiras do doador e uso de máscara e álcool gel.
ObjetivosAvaliar o perfil do doador de sangue do serviço de hemoterapia do Hospital Márcio Cunha durante o período crítico da pandemia de COVID-19.
Materiais e Métodosestudo descritivo, retrospectivo e quantitativo, realizado no serviço de hemoterapia através de avaliação do relatório de produção Hemoterápica – Hemoprod, dos meses de maio 2020 a julho 2021, período com elevado número de óbitos por COVID-19 no Brasil.
Resultados e DiscussãoNos meses de maio/20 a julho/21 foram entrevistados 12.154 candidatos, sendo 9.449 aptos para doação de sangue total, média de 629 doadores/mês. A maior parte das doações foi espontânea (55,6%), seguida de reposição e apenas uma doação autóloga no período. Em relação ao tipo de doador; 69,7% doaram pela primeira vez; 29,5% de forma esporádica e apenas 0,7% de repetição. A maioria dos doadores foi do gênero masculino (58,2%) com idade acima de 29 anos (67,7%). A principal causa da inaptidão na triagem foi descrito como outras (20%), sendo mais comum o uso de medicamentos que impedem a doação e procedimentos endoscópicos nos últimos seis meses; 3,65% apresentavam hematócrito abaixo do necessário; 2,8% hipotensão e 1,04% comportamento de risco para doença sexualmente transmissível. No que se refere a triagem sorológica, 221 doadores apresentaram sorologia positiva (2,3%) sendo 47% anti-HBc total reagente, 45.8% sífilis; 2,7% anti-HCV; 1,8% HBsAg e HTLV e 0,9% HIV. Quanto ao perfil imunohematológico 41,8% foram do grupo O positivo e 28,7% A positivo, sendo os mais frequentes e 9,9% foram O negativo. No período foram produzidos 9.323 concentrados de hemácias e transfundidos 6.826 e produzidos 8.948 concentrados de plaquetas e transfundidos 3.983.
ConclusãoNão há substituto para sangue humano, por isso os serviços de hemoterapia dependem dos doadores voluntários para manter o estoque de hemocomponentes. No período da pandemia houve menor número de doações e maior necessidade de transfusões em decorrências das complicações da COVID-19. O banco de sangue do Hospital Márcio Cunha atendeu as medidas sanitárias para evitar o contágio e utilizou de estratégias de captação de doares para tentar diminuir o impacto para o setor assistencial, no período analisado o número de doações foi suficiente para atender a demanda transfusional, fato também relacionado à redução de cirurgias eletivas.