Introdução: A dengue é uma doença transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegyti ou Aedes albopictus infectado por um dos 4 sorotipos do vírus. Clinicamente, pode apresentar-se de forma assintomática ou ampla, variando desde uma síndrome febril com sinais e sintomas inespecíficos, até manifestações mais grave, como o choque circulatório, resultando em óbito. Devido à alta taxa de morbidade, essa doença se tornou importante problema de saúde pública, principalmente, nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que cerca de 50 a 100 milhões de novas infecções, por dengue, ocorre anualmente em mais de 100 países endêmicos. Além disso, sua incidência vem crescendo, dramaticamente, em todo o mundo, tendo aumentado mais de 30 vezes nas últimas décadas. Objetivos: Analisar as alterações hematológicas secundárias à infecção pelo vírus da dengue. Metodologia: Trata-se de revisão sistemática da literatura, com artigos selecionados nas plataformas PubMed e Google Scholar. Foram utilizados os descritores: “(hematological disorders OR hematological changes) AND dengue”. Foram incluídos os artigos publicados entre 2010 e 2020, sendo selecionados um total de 8 estudos para análise. Resultados e Discussão: As anormalidades hematológicas são comuns em pacientes infectados pelo vírus da dengue. Geralmente, os achados, em exames, incluem: trombocitopenia, aumento do hematócrito (devido ao vazamento de plasma), leucopenia, hemorragia, coagulopatia e coagulação intravascular disseminada. A causa da trombocitopenia é multifatorial, podendo estar relacionada à supressão da medula óssea (MO) e destruição de plaquetas pela ativação do complemento. Já a leucopenia é resultado do efeito direto do vírus na MO. Ao passo que, o aumento do vazamento plasmático, a supressão de hematopoiese e o desenvolvimento de distúrbios da coagulação são resultados da liberação de citocinas inflamatórias e outros mediadores, que ocorrem com a ativação de células T e monócitos. Dentre as apresentações clínicas incomuns, estão a síndrome hemofagocítica, anemia aplástica e plasmocitose grave, imitando a leucemia de células plasmáticas. Apesar da transitória diminuição na maturação dos precursores eritroides, devido à longa meia-vida dos glóbulos vermelhos, a anemia causada não chega a ser grave. Mais raramente, pode haver o desenvolvimento da mielofibrose, condição caracterizada pelo acúmulo de fibras de colágeno na MO. Um dos estudos discute que as células estromais e progenitoras da medula estariam suscetíveis à infecção pelo vírus, levando a esse quadro. Trabalhando em um viés diferente, outro estudo analisou pacientes que já tinham doenças hematológicas e que adquiriram a dengue. Nesses casos, contatou-se maior desafio de diagnóstico da infecção, por causa de quadro clínico semelhante (febre e citopenias); e não foi observada uma taxa maior de mortalidade, que, provavelmente, deve-se ao fato do vírus permanecer temporariamente na MO. Conclusão: O reconhecimento dos sintomas e o diagnóstico precoce da dengue são importantes na predição do prognóstico da doença e, consequentemente, na redução da morbimortalidade. Os parâmetros hematológicos, portanto, são muito úteis para o seu monitoramento. Assim, quando o hemograma indica trombocitopenia, elevação do hematócrito e leucopenia, a testagem sorológica, para confirmação da infecção, deve ser feita.
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