A doação de sangue é essencial ao funcionamento dos serviços de hemoterapia para promoção do atendimento das demandas transfusionais. No entanto, nem sempre o aumento da demanda transfusional vem acompanhada do aumento de doações, fazendo com que os serviços de captação assumam rotinas desafiadoras. Vários estudos já avaliaram os perfis de doadores de sangue a fim de aprimorar as estratégias de captação. O objetivo deste estudo é promover a análise do perfil de pacientes internados com necessidade transfusional e entender se a faixa etária dos pacientes influencia na mobilização de doadores.

Trata-se de estudo que promoveu análise do perfil de pacientes internados com necessidade transfusional em três diferentes hospitais: Hospital Caxias D'Or, Hospital Niterói D'Or e Hospital Rios D'Or, todos esses com atendimento pediátrico e de adultos. Os dados foram coletados do sistema Real Blood. Foram avaliados os dados de 615 pacientes no período de 1 de janeiro de 2022 a 30 de junho de 2022. Os seguintes parâmetros foram analisados: idade dos pacientes, número de hemocomponentes transfundidos, e número de doadores de reposição que compareceram para doação de sangue.

Faixa etária entre 0 e 12 anos: 59 pacientes com consumo de 449 hemocomponentes e com 1034 comparecimentos de doadores. Faixa etária entre 13 e 18 anos: 23 pacientes com consumo de 217 hemocomponentes e 290 comparecimento de doadores. Faixa etária entre 19 e 30 anos: 29 pacientes com consumo de 59 hemocomponentes e 52 comparecimentos de doadores. Faixa etária entre 31 e 50 anos: 121 pacientes com consumo de 767 hemocomponentes e com 422 comparecimentos de doadores. Faixa etária entre 51 e 70 anos: 173 pacientes com consumo de 1493 hemocomponentes e 288 comparecimentos de doadores. Faixa etária acima de 70 anos: 210 pacientes com consumo de 1155 hemocomponentes e 317 comparecimentos.

Em relação as transfusões realizadas, na análise de todo o grupo há uma média de consumo de 6,5 hemocomponentes por paciente. O grupo da pediatria (0 a 12 anos) apresenta média de consumo de 7,6 hemocomponentes por paciente. Se considerarmos a faixa etária de 0 a 18 anos essa proporção aumenta para 8,1. O grupo de adultos acima de 19 anos apresenta média de consumo de 6,5 hemocomponentes por pacientes. Em relação a captação de doadores, a média de doadores de reposição por paciente de todo o grupo é de 3,9. No grupo da pediatria, a média de doadores de reposição é de 17,5 entre os pacientes de 0 a 12 anos e de 16,1 se considerarmos a faixa etária de 0 a 18 anos. Porém, no grupo de adultos acima de 19 anos, essa média cai para 2,2 doadores de reposição por paciente. Esta proporção é menor ainda no grupo dos pacientes acima de 70 anos, com esta relação de 1,4. Observamos, portanto, que a população pediátrica mantém média de consumo semelhante a população adulta, e embora corresponda a um número menor de pessoas atendidas, a pediatria consegue promover maior captação de doadores de reposição e consequentemente maior número de coletas.

Através desse estudo observamos que a faixa pediátrica promove um retorno de doadores 7-8 vezes maior do que a faixa adulta e 11-12 vezes maior do que a idosa, possivelmente isso pode ser explicado pela maior capacidade de sensibilização que as crianças promovem na população para doação de sangue. Dessa forma podemos concluir o grande impacto dos pacientes pediátricos na mobilização de doadores de reposição, na maioria das vezes, superando as expectativas de captação.