Relatar o caso de um paciente politransfundido, atendido no Serviço de Hemoterapia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, demonstrando a importância da realização do processo de enfermagem com foco na terapia transfusional e de reações, mantendo um histórico atualizado.

Foi analisado o prontuário do paciente e seu histórico transfusional com evolução clínica.

Paciente do sexo feminino, em acompanhamento ambulatorial, com tipagem sanguínea B positivo determinada em 25/04/2020. Internou dia 16/09/2021 com HB = 6,5g/dL. Apresentou pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) positivo em 17/09/2021 com identificação de anti-e no painel de hemácias. A paciente tinha histórico de transfusão de 3 concentrado de hemácias no serviço e, por não apresentar histórico de transfusão nos últimos 3 meses, possibilitou a realização da fenotipagem para os grupos sanguíneos Rh, Kell, Kidd, Duffy, MNS e Lewis. O fenótipo identificado foi C, e, K, Jka, Fya, N, S, Leb negativos. Em 24/09/2021 identificou-se a presença de anti-Jka. Em 17/01/2022, foi possível identificar um provável anti-Fya e um anti-S, e esta foi a última transfusão recebida pela paciente.

Pacientes politransfundidos tendem a sensibilizar mais e, com o aumento da expectativa de vida da população, a demanda transfusional pode ocorrer em maior necessidade. Em nosso serviço temos uma equipe de enfermagem específica para os atendimentos ambulatoriais e de áreas clínicas, fazendo com que os funcionários envolvidos neste processo tenham uma abordagem mais específica com o paciente e, consequentemente, auxiliando na busca de informações extremamente importantes para a equipe responsável pelo preparo da transfusão. O manejo dessa paciente foi facilitado pelo fato de sabermos seu histórico transfusional e de haver a possibilidade de realizar a fenotipagem no momento certo, sendo possível, posteriormente, realizar testes adicionais com maior segurança e agilidade pelo nosso laboratório de medicina transfusional.

Este relato de caso demonstra a importância de uma equipe multidisciplinar na atenção ao paciente politransfundido. As equipes de enfermagem devem ser treinadas para que possam entender a importância de incluir na anamnese do paciente informações que poderão ser importantes quando houver necessidade de transfusão, como histórico transfusional e de gestações.