HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA criopreservação de células-tronco hematopoéticas (CTH) do sangue periférico mobilizado (SPM) é crucial para transplantes autólogos. Contudo, o processo de congelamento e descongelamento pode reduzir a viabilidade e a funcionalidade celular, impactando diretamente o sucesso do enxerto e a recuperação medular do paciente.
ObjetivosAvaliar a recuperação de células totais e de células CD34+/CD45+ viáveis após criopreservação, utilizando contagem automática e citometria de fluxo (com 7-AAD). Adicionalmente, comparar os métodos de análise de viabilidade celular.
Material e métodosCinco amostras de sangue periférico mobilizado foram analisadas antes e após criopreservação. Os parâmetros avaliados incluíram: Contagem de células totais nucleadas (CTN), percentual de células CD34+/CD45+ viáveis, viabilidade celular por 7-AAD (citometria de fluxo) e viabilidade por exclusão com azul de tripan. As amostras criopreservadas foram imediatamente descongeladas e analisadas. A contagem de CTN foi realizada por contador hematológico automatizado. A quantificação de células CD34+/CD45+ viáveis foi feita por citometria de fluxo em plataforma dupla, seguindo o protocolo ISHAGE adaptado, com o corante 7-AAD para exclusão de células inviáveis.
ResultadosA recuperação média da contagem de células totais nucleadas (CTN) pós-criopreservação foi de 98,02% (variando de 92,72% a 107,65%). O percentual de células CD34+ manteve-se ou aumentou ligeiramente após o processo, com média de 0,438% antes e 0,478% depois da criopreservação. A viabilidade celular pré-criopreservação foi alta para ambos os métodos (Azul de Tripan: média de 99,30%; 7-AAD: média de 99,02%). Pós-criopreservação, a viabilidade por Azul de Tripan permaneceu elevada (média de 97,92%), enquanto a viabilidade por 7-AAD revelou redução significativa (média de 81,86%), variando de 74,6% a 88,3%.
Discussão e conclusãoOs resultados demonstram que a criopreservação de SPM, utilizando os protocolos empregados, permite uma excelente recuperação quantitativa de células nucleadas totais e a manutenção do percentual de células CD34+. No entanto, a discrepância observada na avaliação da viabilidade pós-criopreservação entre o Azul de Tripan e o 7-AAD é um achado crítico. O Azul de Tripan, ao avaliar apenas a integridade grosseira da membrana celular, parece superestimar a viabilidade real de produtos criopreservados. Em contraste, o 7-AAD, por sua capacidade de detectar danos mais sutis à membrana que podem preceder a lise completa, oferece uma avaliação mais precisa e sensível da saúde celular pós-descongelamento. Esta diferença tem implicações clínicas importantes, pois uma estimativa precisa da viabilidade é crucial para prever o sucesso do enxerto e a recuperação hematopoiética. A criopreservação de SPM é eficaz na preservação quantitativa das células. Contudo, a avaliação da viabilidade celular pós-criopreservação deve priorizar métodos mais sensíveis, como a citometria de fluxo com 7-AAD, para fornecer uma medida mais precisa da integridade celular e, consequentemente, da qualidade do produto a ser infundido no paciente.




