HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) é uma neoplasia hematológica caracterizada pela acúmulo de linfócitos B maduros, mas funcionalmente anormais, que afetam a medula óssea, o sangue e os tecidos linfáticos. A interação dessas células com o microambiente tumoral é fundamental para sua sobrevivência, destacando-se as vesículas extracelulares (VEs) como mediadoras centrais dessa comunicação. As VEs transportam diversas moléculas bioativas, incluindo microRNAs (miRNAs), que influenciam processos como proliferação, apoptose e modulação da resposta imune. Em especial, a interação entre VEs e células dendríticas (DCs) pode comprometer a ativação de linfócitos T e favorecer a evasão imunológica, contribuindo para a progressão da LLC.
ObjetivosInvestigar, por meio de uma revisão integrativa, o papel das vesículas extracelulares (VEs) e de seus microRNAs (miRNAs) na modulação imunológica em pacientes com Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), com ênfase na interação com células dendríticas (DCs).
Material e métodosTrata-se de uma revisão integrativa baseada em artigos publicados entre 2005 e 2024, na base de dados PubMed. Utilizaram-se os descritores: "extracellular vesicles", "microRNAs", "chronic lymphocytic leukemia" e "dendritic cells". A busca resultou inicialmente em 102 publicações. Após leitura dos títulos, resumos e critérios de elegibilidade, como foco temático, acesso ao texto completo e relevância para a temática proposta, foram selecionados 35 artigos para análise aprofundada e discussão.
Discussão e conclusãoOs estudos revisados demonstram que VEs derivadas de células leucêmicas contêm miRNAs como miR-21, miR-150, miR-155 e miR-181, que interferem diretamente na ativação, fenótipo e função de DCs. Esses miRNAs estão associados à supressão da apresentação de antígenos, evasão imunológica e progressão tumoral. Estratégias terapêuticas envolvendo antagomirs mostraram potencial em restaurar a função das DCs, ativar linfócitos T e reverter a imunossupressão. Evidências apontam que a manipulação da carga vesicular ou o bloqueio da biogênese das VEs pode ser uma via promissora no tratamento da LLC. A análise integrativa da literatura evidencia que as VEs funcionam como importantes veículos de sinalização entre as células tumorais e o sistema imunológico. Os miRNAs transportados por essas vesículas desempenham papéis duplos, podendo promover imunossupressão ou inflamação, dependendo do contexto molecular e celular. A modulação negativa das DCs por miRNAs oncogênicos favorece a tolerância imunológica, dificultando o reconhecimento das células leucêmicas pelo sistema imune. Por outro lado, o bloqueio desses miRNAs por antagomirs pode restaurar a capacidade das DCs de ativar linfócitos T e promover uma resposta imune eficaz. Esses achados reforçam o potencial terapêutico da manipulação de VEs como ferramenta para redirecionar a resposta imunológica em pacientes com LLC. As VEs atuam como mediadoras importantes da comunicação intercelular na LLC, modulando respostas imunológicas via transferência de miRNAs. A compreensão dessas interações revela oportunidades para terapias direcionadas, especialmente por meio da inibição seletiva de miRNAs oncogênicos. A literatura evidencia que as VEs e seus miRNAs representam alvos viáveis para estratégias terapêuticas inovadoras na LLC.




