Compartilhar
Informação da revista
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2463
Acesso de texto completo
TRANSPLANTE ALOGÊNICO EM LLC R/R’ COM BIOLOGIA MOLECULAR DE ALTO RISCO: RELATO DE CASO
Visitas
29
GR Felipe, RAF Machado, LS de Abreu, EB Marchon, EL da Rosa, CD de Liz, PHA de Moraes, RS Szor, VC de Molla, CA Rodrigues
Hospital Nove de Julho, São Paulo, SP, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

Mais dados
Introdução

A Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) é uma neoplasia linfoproliferativa B CD5+ que acomete predominantemente indivíduos idosos, com evolução indolente e conduta inicial geralmente expectante. No entanto, a presença de alterações citogenéticas e moleculares de alto risco, como deleção do 17p e mutação de TP53, está associada à refratariedade terapêutica, incluindo a falha a terapias-alvo, e pior prognóstico. Nessas situações, especialmente em pacientes com doença recidivada ou refratária (R/R), o transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) alogênico permanece como opção de resgate visando ganho de sobrevida global e livre de progressão.

Descrição do caso

Paciente masculino, 67 anos, hipertenso e dislipidêmico controlado, diagnosticado em 2020, em serviço externo, com linfoma de zona marginal após apresentar linfonodomegalias generalizadas, anemia, linfocitose e plaquetopenia. Recebeu radioterapia, cinco ciclos de R-CVP e um ciclo de R-CHOP. Em 2022, apresentou recidiva com anemia (Hb 9,3 g/dL), linfocitose (298.440/mm3) e plaquetopenia (114.000/mm3). Imunofenotipagem de sangue periférico evidenciou 87% de linfócitos B maduros clonais, CD10− e positivos para CD5, CD19, CD11c, CD200, CD20, CD22, CD79b e IgG kappa, compatível com LLC. O cariótipo revelou deleção do 17p e o FISH, deleção de TP53 em 87% das células. Estratificado como CLL-IPI de alto risco, iniciou acalabrutinibe (iBTK) em julho/2023, evoluindo com progressão após cinco meses. Em janeiro/2024, iniciou venetoclax (iBCL-2) associado a rituximabe, apresentando neutropenia grau IV e pneumocistose grave, com necessidade de ventilação mecânica e melhora após tratamento com sulfametoxazol-trimetoprima. Após quatro ciclos, evoluiu novamente com refratariedade. Diante do quadro R/R e alto risco, foi submetido, em agosto/2024, a TCTH alogênico haploidêntico (doador irmão). No pós-transplante, desenvolveu doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) crônica moderada a grave de pele e mucosa oral, controlada com ruxolitinibe e ibrutinibe. Permaneceu em remissão por 11 meses. Em junho/2025, apresentou linfonodomegalias, anemia e plaquetopenia, sugerindo nova recaída, além de celulite em membro inferior direito e infecções recorrentes, mesmo sob profilaxias antimicrobianas e reposição de imunoglobulina. Evoluiu com choque séptico e óbito.

Conclusão

O caso ilustra a evolução de uma LLC com biologia molecular de alto risco (deleção 17p e mutação TP53), caracterizada por múltiplas refratariedades às principais terapias-alvo disponíveis (iBTK e iBCL-2), além de complicações infecciosas graves. Embora o TCTH alogênico ainda represente uma alternativa potencialmente curativa nesse cenário, seu benefício é limitado pela alta toxicidade do procedimento e pelo risco de DECH. O diagnóstico precoce de alterações genéticas desfavoráveis é essencial para o planejamento terapêutico e para a indicação oportuna do transplante. O avanço das terapias-alvo e imunoterapias pode, no futuro, oferecer melhores perspectivas para esse subgrupo de pacientes, porém, até o momento, o TCTH alogênico permanece como opção de resgate em casos de LLC R/R de alto risco biológico.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas