HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO câncer é a segunda principal causa de óbito entre crianças e adolescentes no Brasil, e a leucemia ocupa lugar de destaque entre os tipos mais incidentes. A heterogeneidade no acesso ao diagnóstico e ao tratamento reflete-se em padrões distintos de mortalidade entre regiões brasileiras. O estado de Mato Grosso, marcado por grandes extensões agrícolas, distâncias geográficas expressivas e desigualdade no acesso à saúde, ainda carece de dados epidemiológicos consolidados sobre mortalidade por leucemia infantojuvenil.
ObjetivosAnalisar a tendência de mortalidade por leucemia em crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no estado de Mato Grosso entre os anos de 2000 e 2024.
Material e métodosEstudo epidemiológico retrospectivo, baseado em dados do sistema público DwWeb|SES-MT. Foram incluídos todos os registros de óbito por leucemia em indivíduos de 1 a 19 anos. As variáveis analisadas incluíram faixa etária, sexo, raça/cor e tipo de leucemia. A análise estatística foi realizada com o software Epi Info 7.2, incluindo testes de Qui-Quadrado e regressão linear para análise temporal.
ResultadosForam registrados 316 óbitos por leucemia no período, sendo 55,6% do sexo masculino. A faixa etária com maior número de mortes foi a de 15 a 19 anos (28,1%). Observou-se maior mortalidade entre pacientes pardos (50,9%) e brancos (42,7%). A leucemia linfóide foi o subtipo mais prevalente (64,9%), seguida pela mieloide (34,5%). A análise temporal evidenciou tendência estável de mortalidade no período, sem aumento significativo no número de óbitos ao longo dos anos. Apenas a variável raça/cor apresentou associação estatisticamente significativa com a mortalidade (p<0,001).
Discussão e ConclusãoApesar da estabilidade na mortalidade ao longo de 25 anos, o perfil observado reflete desigualdades raciais e reforça a importância de políticas públicas voltadas à equidade no acesso ao diagnóstico e tratamento da leucemia pediátrica, especialmente considerando as diferenças culturais e distâncias geográficas do estado. O estudo contribui para o reconhecimento do perfil epidemiológico regional e para a formulação de estratégias de enfrentamento mais eficazes, contribuindo assim para o diagnóstico precoce e consequentemente um melhor prognóstico do tipo de câncer mais comum na população infanto-juvenil.
Referências:
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