HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA assistência transfusional envolve etapas complexas que exigem conhecimento técnico, habilidade clínica e tomada de decisão segura dos profissionais de enfermagem. Contudo, falhas na identificação do receptor, monitorização de sinais vitais, reconhecimento precoce de reações transfusionais e registro adequado indicam lacunas no conhecimento e na padronização das práticas. Nesse contexto, o uso de Tecnologias Educacionais (TEs) pode ser uma estratégia eficaz para promover educação permanente e garantir a segurança do paciente.
ObjetivosIdentificar, com base na experiência de profissionais de enfermagem, subsídios para a construção de um fluxograma voltado à prática transfusional em um hemocentro público.
Material e métodosEstudo metodológico, descritivo, com abordagem qualitativa, fundamentado nas diretrizes do Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ). Realizado na Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (HEMOPA), em Belém/PA. Participaram 15 profissionais de enfermagem, com atuação mínima de um ano em hemoterapia, formação na área e sem afastamentos no período. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará (CAAE: 69858323.2.0000.5170) e autorizado pelo Núcleo de Ensino e Pesquisa do HEMOPA. A coleta ocorreu entre agosto e outubro de 2023, por entrevistas semiestruturadas em ambiente reservado. A coleta abordou perfil profissional, conhecimento em hemovigilância, segurança transfusional e uso de TEs. A análise foi realizada por Análise de Conteúdo de Bardin, com suporte do software IRaMuTeQ para análise lexical e categorização temática.
ResultadosPredominaram profissionais do sexo feminino, com idades entre 37 e 57 anos, média de 18,6 anos de formação e vínculo institucional de 1 a 15 anos. Todos os enfermeiros possuíam especialização em hemoterapia e hematologia. Emergiram cinco classes principais: Cuidados diante de reações transfusionais, destacando interrupção da infusão e verificação de sinais vitais; Reconhecimento dos sinais e sintomas como febre, urticária e edema de glote, principalmente associados às plaquetas; Práticas de hemovigilância, incluindo notificação e retrovigilância; Propostas de TEs, como cartilhas e vídeos; e Sugestão de um fluxograma para apoiar visualmente o cuidado transfusional.
DiscussãoOs achados reforçam a importância do preparo técnico para identificar reações transfusionais, destacando a atuação da equipe conforme protocolos. A dupla checagem da bolsa e do paciente, considerada essencial, foi citada por poucos participantes, indicando necessidade de reforço em treinamentos. Sinais como febre e urticária foram reconhecidos, evidenciando conhecimento clínico. A interrupção da transfusão, notificação e retrovigilância evidenciam alinhamento às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A alta rotatividade da equipe motivou a indicação de TEs, com ênfase no fluxograma como estratégia para padronizar condutas e garantir segurança transfusional.
ConclusãoPode-se concluir que os resultados evidenciaram os conhecimentos e experiências dos profissionais na rotina transfusional do HEMOPA. Destacaram-se cuidados transfusionais, reconhecimento de reações e hemovigilância, embasando a proposta do fluxograma como TE. Essa ferramenta facilita o acesso rápido a informações essenciais, contribuindo para a prevenção de erros e promovendo maior segurança do paciente, além de apoiar a atualização contínua dos profissionais, especialmente diante da alta rotatividade da equipe.




