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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
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HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2076
Acesso de texto completo
RELATO DE TRÊS CASOS DE HEMOGLOBINA RUSH EM HETEROZIGOSE NO MARANHÃO: IMPLICAÇÕES LABORATORIAIS E DIAGNÓSTICAS
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GA Bernardinoa, LA Souza-Juniorb, EP Noronhaa, E Belini-Juniorb
a Centro de Hematologia e Hemoterapia do Maranhão (HEMOMAR), São Luís, MA, Brasil
b Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Três Lagoas, MS, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A hemoglobina (Hb) Rush é uma variante instável da cadeia β, causada pela mutação HBB:c.304G>C (β101 Glu→Gln), associada a anemia hemolítica leve a moderada mesmo em heterozigose. No HPLC, elui no “S-window”, podendo gerar diagnósticos equivocados. No Brasil, há poucos relatos. Descrevemos três casos diagnosticados no Ambulatório do Hemocentro do MARANHÃO (HEMOMAR), destacando o desafio diagnóstico e a importância da confirmação molecular.

Descrição do caso

Três pacientes do sexo feminino, com 36, 34 e 40 anos, foram atendidas no Ambulatório do HEMOMAR para a investigação de anemia. As amostras de sangue total foram encaminhadas ao Laboratório de Genética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/CPTL) para investigação molecular de perfis hemoglobínicos inconclusivos. Realizaram-se hemograma e reticulograma no analisador automatizado ADVIA 2120i, análises bioquímicas no sistema ARCHITECT ci4100, cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) no equipamento Premier Resolution, eletroforese de hemoglobinas (ELH) em pH ácido e alcalino no sistema SPIFE® 3000 e sequenciamento do gene HBB no sequenciador 3730xl DNA Analyzer. Os hemogramas revelaram: E = 4,27; 3,38 e 3,71 milhões/mm³, Hb = 12,3; 10,4 e 10,4 g/dL, Ht = 37,5%; 32,5% e 33,0%, VCM = 87,8; 96,3 e 88,9 fL, HCM = 28,8; 30,8 e 28,1 pg, CHCM = 32,9%; 32,0% e 31,6%, RDW = 20,3%; 23,28% e 23,4%, Ret = 105.500 (2,47%); 167.200 (4,49%) e 224.900/mm³ (6,06%). A morfologia mostrou anisocitose, policromasia e hemácias em alvo nos três casos, além de dacriócitos em dois deles. As análises bioquímicas apresentaram LDH = 207; 370 e 192 U/L, BT= 0,66; 0,30 e 0,59 mg/dL, BD = 0,21; 0,10 e 0,18 mg/dL, BI = 0,45; 0,20 e 0,41 mg/dL. O HPLC mostrou Hb A0= 46,5; 49,2 e 48,3%, Hb A₂ = 3,2; 3,8 e 5,2%, Hb F = 1,9; 0,7 e 0,8% e Hb Variante* = 42,4; 42,8 e 41,2% (mesmo tempo de eluição da Hb S em HPLC, com RRTS = 1015). A ELH em pH alcalino apresentou três frações, uma de Hb A e duas na região de Hb F; em pH ácido, uma fração na posição de Hb A e outra em Hb S. A análise molecular confirmou a mutação HBB:c.304G>C em heterozigose nos três casos. O sequenciamento do HBB identificou em todos os casos a mutação c.304G>C (p.Glu101Gln) em heterozigose, confirmando o diagnóstico de Hb Rush. A Hb Rush é uma variante rara e instável da cadeia β, associada a anemia hemolítica mesmo em heterozigose, diferindo da maioria das hemoglobinas variantes, que são assintomáticas nessa condição. Nos três casos apresentados, os achados hematológicos mostraram graus variáveis de anemia e reticulocitose, compatíveis com hemólise compensada, além de alterações morfológicas típicas. O padrão cromatográfico no HPLC, com eluição no mesmo “S-window”, representa um desafio diagnóstico significativo, podendo levar a erros de interpretação quando não associado a outras metodologias. A integração entre HPLC, eletroforese de Hb (s) e biologia molecular foi essencial para a elucidação dos casos, reforçando a necessidade de protocolos diagnósticos ampliados.

Conclusão

A identificação da Hb Rush requer abordagem diagnóstica integrada para evitar diagnósticos equivocados de traço falciforme. O reconhecimento de seu potencial hemolítico mesmo em heterozigose é fundamental para o acompanhamento clínico adequado. Este relato amplia o registro de casos no Brasil e ressalta a importância da confirmação molecular em variantes com sobreposição fenotípica.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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