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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 2089
Acesso de texto completo
RELATO DE CASO DA HEMOGLOBINA S ASSOCIADA À HEMOGLOBINA KÖLN (VAL98MET): CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL
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MdO Rezendea, PdV Rezendeb, ACSe Silvaa, MB Vianaa
a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
b Fundação Hemominas, Belo Horizonte, MG, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Objetivo

Avaliar se a associação HbS/Köln comporta-se como doença falciforme ou traço falciforme.

Metodologia

Descrição de caso com associação HbS/Köln em hemocentro por meio de análise de prontuário, dos exames realizados e revisão da literatura.

Descrição do caso

Trata-se de paciente do sexo feminino nascida em setembro de 2007. Na triagem neonatal, tanto por focalização isoelétrica (isoelectric focusing, IEF) como por High Performance Liquid Chromatography (HPLC), o padrão foi FSA. Estudo familiar revelou mãe AS e pai AA. Iniciado acompanhamento no ambulatório da Fundação Hemominas de Belo Horizonte, ainda nos primeiros meses de vida. Nessa ocasião, apresentava anemia leve e reticulocitose. Com um ano de vida, observou-se esplenomegalia. Aos 4-anos, apresentou quadro infeccioso respiratório que evoluiu com queda de hemoglobina até 3 g/dL. Foi internada no CTI, sendo necessária transfusão de concentrado de hemácias por três vezes. Não teve mais intercorrências durante a infância e adolescência, mas manteve esplenomegalia e reticulocitose. Ao longo da vida, foi submetida ao exame de doppler transcraniano. Em todas as avaliações, o resultado foi de baixo risco para acidente vascular cerebral. Fundo de olho e ecocardiograma não mostraram alterações. Ultrassom abdominal aos 14-anos mostrou esplenomegalia de 17 cm. Atualmente, a paciente tem 17-anos, mantém hemoglobina em torno de 11,7 g/dL, VCM de 92,3 fL, HCM de 26,5 pg e reticulocitose de 9,6%. Como parte de estudo sobre crianças com Sβ-talassemia, o gene HBB foi sequenciado em 2015 e revelou a mutação GTG>ATG no códon 99 (HBB:c.295G>A; p.Val98Met), característico da Hb Köln, além da mutação GAG>GTG no códon 7, característico da Hb S. Em 2019, a IEF revelou Hb SA. A HPLC no equipamento Variant II revelou picos na janela de A (31,5%), S (50,8%), F (4,1%), A2 (3,6%) e um último (8,3%), próximo à janela de C, interpretado como Hb Köln desnaturada.

Discussão

A substituição da valina por metionina na posição 98 da cadeia da beta-hemoglobina é responsável pelo surgimento da hemoglobina Köln, que foi descrita pela primeira vez em 1965. Em 1966, foi identificada a posição exata da substituição da valina pela metionina. No grupo das hemoglobinas instáveis, a hemoglobina Köln é mais frequente na literatura internacional. Como no caso descrito, a IEF revela fração que fica justaposta à da Hb A e no HPLC, o tempo de retenção também se situa na região da HbA. Em heterozigose, HbA/Köln, pode levar a uma anemia hemolítica leve a moderada, icterícia e esplenomegalia. No sangue periférico, é possível detectar corpúsculos de Heinz e VCM aumentado. São poucos os casos de heterozigose descritos. O presente caso é o primeiro relato na literatura da associação da Hb S com a Hb Köln. Tal associação comportou-se como doença falciforme moderada. É importante manter o seguimento dessa paciente ao longo da vida para verificar possíveis complicações, principalmente em algumas situações, como, por exemplo, na gravidez.

Conclusão

A descrição clínica e laboratorial da associação de hemoglobinas variantes com a HbS é importante para determinar se tais combinações irão culminar ou não em alterações hematológicas e sintomatologia da doença falciforme. Esse conhecimento possui implicações tanto individuais, quanto em termos de saúde pública. Pode evitar ansiedade familiar e consultas desnecessárias, no caso de semelhança ao traço falciforme, ou determinar a adoção de protocolos de doença falciforme, como no caso descrito.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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