HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO Vírus Linfotrópico de células T Humanas (HTLV) é um retrovírus que infecta linfócitos T CD4+, com significativa relevância clínica e epidemiológica. Apesar de sua importância, o tema é pouco explorado na formação médica, perpetuando o subdiagnóstico e a subnotificação. Estima- se que milhões de pessoas no mundo sejam portadoras, a maioria assintomática por longos períodos, mas com risco de desenvolver doenças graves, como leucemia/linfoma de células T do adulto e mielopatia associada ao HTLV (HAM/TSP). No Brasil, a infecção é um desafio de saúde pública negligenciado, agravado pela ausência de políticas consistentes de rastreamento. Essa lacuna prejudica a detecção precoce e a prevenção, incluindo a triagem de gestantes e o aconselhamento reprodutivo.
ObjetivosCom o objetivo de difundir conhecimento científico atualizado e estimular o pensamento crítico, as Ligas Acadêmicas de Hematologia, Imunologia e Doenças Infectoparasitárias da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga promoveram o 1º Simpósio de HTLV. O evento buscou oferecer uma visão abrangente sobre epidemiologia, transmissão, fisiopatologia, diagnóstico e acompanhamento dos portadores, incentivando a abordagem multiprofissional e o manejo baseado em evidências.
Material e métodosO simpósio ocorreu em 25 de outubro de 2024, das 17h às 20h, em formato virtual, ampliando a acessibilidade e permitindo a participação de acadêmicos, profissionais e docentes de diferentes regiões do país. Contou com 85 inscrições confirmadas, todas com presença integral, demonstrando elevado interesse pelo tema. A organização foi fruto da parceria entre três ligas acadêmicas, que atuaram desde a concepção à execução. As etapas incluíram definição de conteúdo, escolha de palestrantes, divulgação e elaboração do cronograma.
ResultadosA abertura destacou a importância da integração entre especialidades médicas para compreender a complexidade clínica, epidemiológica e social das doenças associadas ao HTLV. A primeira palestra abordou a epidemiologia global e nacional, rotas de transmissão ‒ como contato sexual desprotegido, aleitamento materno e transfusão sanguínea ‒ e o impacto da subnotificação no Brasil. A segunda explorou a fisiopatologia, explicando como a infecção persistente dos linfócitos T pode levar à transformação maligna ou distúrbios inflamatórios crônicos, relacionando o vírus a doenças hematológicas e neurológicas. A terceira discutiu desafios diagnósticos, manejo clínico e barreiras do sistema público para rastreamento e acompanhamento de portadores assintomáticos. A interação pelo chat foi constante, com perguntas, relatos e reflexões que enriqueceram o debate. Foram discutidas estratégias de prevenção, como triagem universal de gestantes, aconselhamento reprodutivo e ações educativas, reforçando a necessidade de integração entre prevenção e cuidado clínico.
Discussão e conclusãoO evento atingiu seus objetivos ao promover aprendizado e conscientização sobre um tema relevante, mas subvalorizado. A participação ativa dos 85 inscritos reforça a demanda por aprofundamento. A experiência mostrou que a colaboração entre ligas é eficaz para fortalecer a formação médica e estimular o pensamento crítico. O êxito da iniciativa incentiva novas edições, com possível inclusão de oficinas práticas, discussão de casos e participação de pacientes, formando médicos mais preparados e contribuindo para reduzir a invisibilidade do HTLV no Brasil.




