HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leptospirose é uma zoonose de início agudo, frequentemente grave, com potencial de acometimento hepatorrenal e hematológico. Casos com plaquetopenia e anemia geralmente requerem suporte transfusional. No entanto, pacientes que recusam transfusão por convicções pessoais impõem desafios éticos e clínicos. O Patient Blood Management (PBM) oferece terapêuticas eficazes e seguras nesses contextos.
Descrição do caso
ObjetivosRelatar um caso de leptospirose grave, com plaquetopenia importante, manejado com sucesso sem transfusões, por meio de estratégias PBM em paciente que recusava hemoderivados. Material e Métodos Paciente masculino, 62 anos, sem comorbidades, procurou atendimento com febre, mialgias em panturrilhas, dor lombar e urina espumosa, após contato com urina de roedores. Evoluiu com icterícia, anemia e trombocitopenia severa. Recusou transfusão de sangue ou hemoderivados, tendo assinado formulários de recusa. Iniciou-se manejo com estratégias PBM: administração de ferripolimaltose (1000 mg IV), eritropoetina alfa (40.000 UI/semana), ácido tranexâmico, restrição de flebotomias, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e suporte clínico intensivo. Resultados Na admissão, hemoglobina 13,2 g/dL, plaquetas 32.000/mm³ e leucócitos 2.930/mm³. Evoluiu com piora: hemoglobina 9,7 g/dL, plaquetas 12.000/mm³ e bilirrubina total 18,96 mg/dL. Houve hipocalemia (K+ 2,6 mEq/L), elevação de transaminases (TGO 206 U/L) e CK (1.952 U/L). Ultrassonografias abdominais e de membros inferiores sem alterações. O paciente permaneceu hemodinamicamente estável e sem sangramentos. A partir do 6° dia, houve recuperação hematológica: plaquetas subiram para 73.000 e, posteriormente, 200.000/mm³. Hemoglobina estabilizou-se em 10,5 g/dL. Bilirrubinas e eletrólitos normalizaram. Recebeu alta hospitalar com recuperação plena, sem uso de transfusões.
ConclusãoO caso evidencia que o manejo de leptospirose grave com plaquetopenia e anemia pode ser realizado com segurança por meio das estratégias PBM, mesmo na ausência de suporte transfusional. O respeito à autonomia, aliado à medicina baseada em evidência e condutas proativas, permite conduzir casos graves com desfechos favoráveis.
Referências:
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